ReligiƵes diante da pandemia

ReligiƵes diante da pandemia

Roma (NEV), 27 de junho de 2023 ā€“ Que respostas as diferentes religiƵes deram Ć  pandemia? Como tĆŖm reagido os cultos Ć  emergĆŖncia e Ć  sua gestĆ£o, Ć  doenƧa, ao medo, Ć  morte de tantas pessoas?

A reuniĆ£o de apresentaĆ§Ć£o do volume ā€œAs religiƵes e a pandemia na ItĆ”lia. Doutrina, comunidade e cuidadoā€, ed. Emanuela Claudia Del Re e Paolo Naso (Editora Rubbettino).

ApĆ³s a saudaĆ§Ć£o do senador Luciano Malan, Mariangela Fala, ex-presidente da UniĆ£o Budista Europeia, vice-presidente da UniĆ£o Budista Italiana e presidente da FundaĆ§Ć£o Maitreya, sublinhou como a Covid mostrou “nossa fragilidade e, diante disso, a responsabilidade de todos e dos cultos em particular, o que significa compaixĆ£o, ajuda”.

JosĆ© Contepresidente do Movimento 5 Estrelas, ex-presidente do Conselho de Ministros da RepĆŗblica Italiana durante o perĆ­odo da pandemia, depois de relembrar a estratĆ©gia implementada por seu governo durante esse perĆ­odo, comentou: ā€œDescobrimos a vulnerabilidade como indivĆ­duos e sociedadesā€.

ƀ frente das comunidades de fĆ©, Daniele Garronepresidente da FederaĆ§Ć£o das Igrejas EvangĆ©licas na ItĆ”lia, destacou como a pandemia tem sido uma lupa atĆ© mesmo para problemas prĆ©-existentes que sĆ£o substanciais para as comunidades de fĆ©.
Yassine Lafram, Presidente Nacional da UCOII (UniĆ£o das Comunidades IslĆ¢micas Italianas), falando das dificuldades, lembrou que “na ItĆ”lia existem apenas cinco mesquitas arquitetonicamente reconhecĆ­veis e 1217 salas de oraĆ§Ć£o”. O tema dos locais de culto, portanto: “Ć© preciso uma lei ad hoc, porque nĆ£o sabemos como construir uma mesquita na ItĆ”lia, no momento temos que negociar com os administradores locais”.

A integraĆ§Ć£o dos muƧulmanos, segundo o representante da UCOII, ā€œpassa pelo respeito e dignidade dos locais de cultoā€. O mesmo se aplica Ć  questĆ£o dos enterros, mais complexos para as Ć”reas islĆ¢micas em cemitĆ©rios. ā€œPara nĆ³s, a pandemia ainda nĆ£o acabouā€, concluiu Lafram.

Os hindus tambĆ©m vivem uma situaĆ§Ć£o semelhante no que diz respeito aos locais de culto. ele explicou Swamini Shuddhananda Ghiri, Monja hindu que representa a UniĆ£o Hindu Italiana, aludindo ao ā€œsentido de responsabilidade e sentido de uniĆ£oā€ vivido durante o perĆ­odo da crise sanitĆ”ria. AlĆ©m disso, a sociedade tem passado ā€œpelo tema da morte muitas vezes vivenciado como um tabu. Os ritos fĆŗnebres, por outro lado, sĆ£o de grande importĆ¢ncia, esta foi uma ferida para as comunidades hindus – explicou -, a dificuldade de nĆ£o poder acompanhar os mortos, como tambĆ©m aconteceu a muitas pessoas, a comeƧar pelos mĆ©dicos e enfermeiras” . DaĆ­ a necessidade de ā€œnĆ£o perder a empatiaā€ com os outros e com o mundo.
Paulo Nasoprofessor de ciĆŖncia polĆ­tica da Universidade Sapienza de Roma, um dos editores do texto apresentado hoje no debate moderado por Ilaria Valenzida revista e centro de estudos Confronti, questionou-se no final da consulta se ā€œserĆ” possĆ­vel que, do pĆ³s-pandemia, surja um novo olhar muito pragmĆ”tico para as comunidades religiosas?ā€.

O Representante Especial da UE para o Sahel Emanuela Claudia Del Reo outro editor do volume sobre religiƵes e pandemias, espera por fim que cheguemos a ā€œuma sociedade justa, de direitos, um mundo em que haja a capacidade de se reconhecer nas diferenƧasā€.

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Ativistas LGBTQIA+ no Conselho EcumĆŖnico: respeito, direitos e liberdades

Ativistas LGBTQIA+ no Conselho EcumĆŖnico: respeito, direitos e liberdades

Cecilie Johnsen, unsplash Karlsruhe (NEV), 6 de setembro de 2022 ā€“ Jim Hodgson Ć© jornalista e ativista dos peregrinos Rainbow of Faith, um coletivo global de cristĆ£os LGBT+ e redes cristĆ£s, igrejas, alianƧas e ativistas, e Ć© membro da equipe das Igrejas Unidas do CanadĆ” hĆ” anos, onde atuou como coordenador do programa, com uma longa experiĆŖncia na AmĆ©rica Latina e no Caribe. NĆ³s o encontramos em Karlsruhe, por ocasiĆ£o da XI Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas. Jim Hodgson ā€œGlobalmente ā€“ explica ā€“ nascemos como uma coalizĆ£o europeia trabalhando em direitos e inclusĆ£o de pessoas trans e queer, antes de Busan, na CorĆ©ia, por ocasiĆ£o da anterior Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas em 2013, e desde entĆ£o temos comeƧou a desenvolver um trabalho constante de advocacia. ConstruĆ­mos bases sĆ³lidas para aprimorar e desenvolver esse diĆ”logo, para ajudar as igrejas tambĆ©m a conversarem entre si sobre os temas e demandas que estamos atendendo. HĆ” um relatĆ³rio que foi recebido pelo ComitĆŖ Central (ver nota ao final do artigo, ed.). TambĆ©m publicamos um texto, "ReconciliaĆ§Ć£o das margens - histĆ³rias pessoais de pessoas queer de fĆ©", que reĆŗne as histĆ³rias pessoais de 28 pessoas queer, crentes de todo o mundo". O que se entende por inclusĆ£o? ā€œĆ‰ um avanƧo, falar primeiro com a gente. O termo "inclusĆ£o" Ć© fraco, nĆ³s o usamos, mas gostarĆ­amos de muito mais. Se pensarmos bem, Jesus foi muito alĆ©m da inclusĆ£o, ele convidou todos para sua mesa, para compartilhar sua comida, para conversar com ele, sem perguntar quem eram, independente de sua condiĆ§Ć£o, de sua religiĆ£o, de quem eram, a comeƧar por os servos, desde o mĆ­nimo. Estamos longe do ā€œcaminho de Jesusā€ quando falamos de 'inclusĆ£o' mas ainda Ć© uma primeira etapaā€œ. Quanto ao futuro e Ć  complexa relaĆ§Ć£o das pessoas lgbtqia+ com as crenƧas, declinadas e diversificadas de formas diversas nos muitos paĆ­ses aqui presentes, ā€œas nossas sĆ£o perspectivas Ć  margem, de uma viagem, de uma peregrinaĆ§Ć£o e esperamos receber a devida atenĆ§Ć£o . NĆ£o ficaremos calados quando nossa resposta determinada for necessĆ”ria. Mas pedimos Ć s igrejas que nĆ£o causem mais danos. Infelizmente vemos em muitos lugares do mundo que a igreja Ć© parte do problema. Meu trabalho estĆ” na AmĆ©rica Latina hĆ” anos e lĆ” tenho observado o crescente fenĆ“meno de grupos religiosos conservadores se aliando a movimentos polĆ­ticos igualmente conservadores, um exemplo Ć© o presidente do Brasil Jair Bolsonaro. Isso Ć© muito decepcionante e perigoso para quem luta pelos direitos humanos e exige respeito para todos e nĆ£o apenas para quem estĆ” no poderā€. Esses movimentos e igrejas conservadoras, segundo a ativista canadense, ā€œafirmam que promovemos o que chamam de ā€œideologia de gĆŖneroā€ e que tentarĆ­amos impĆ“-la, impor ā€œnossos valoresā€, mas nĆ£o Ć© verdade. Na sociedade civil deve haver espaƧo para todos e a liberdade religiosa nĆ£o pode significar a liberdade de impor seus valores, sua visĆ£oā€. Como estĆ” sendo esse diĆ”logo no ConcĆ­lio EcumĆŖnico? ā€œO feedback atĆ© agora Ć© incrivelmente positivo. Em Busan houve uma manifestaĆ§Ć£o contra nĆ³s, enquanto aqui o clima Ć© claramente diferente. Os participantes da Assembleia estĆ£o muito atentos, demonstraram muito interesse pelas nossas disputas e pelas nossas histĆ³rias pessoais. Eles parecem muito felizes em nos receber aqui." O que vocĆŖ espera das igrejas? ā€œO que buscamos hoje e amanhĆ£ Ć© um sinal da vontade de continuar o confronto. Continuam os encontros e as conversas ecumĆŖnicas (na cĆŗpula de Karlsruhe hĆ” um grupo ad hoc, Conversa EcumĆŖnica n.11*) e o trabalho conjunto, a discussĆ£o cada vez mais aprofundada sobre a sexualidade e pode haver uma nova recomendaĆ§Ć£o nos textos finais. Estou otimista com o futuro: o caminho Ć© o do diĆ”logoā€. *As Conversas EcumĆŖnicas sĆ£o elaboradas para serem aprofundadas e vinculadas ao trabalho potencial das comissƵes do CMI e outros programas. Eles sĆ£o extraĆ­dos de insights de redes do CMI, igrejas membros e parceiros e/ou relacionados a preocupaƧƵes ecumĆŖnicas emergentes. Os resultados das Conversas serĆ£o compartilhados com os comitĆŖs da assemblĆ©ia e relatĆ³rios detalhados serĆ£o compartilhados com os futuros Ć³rgĆ£os governamentais. Cada Conversa EcumĆŖnica acontece no mesmo grupo durante 4 dias e Ć© aberta aos participantes da assemblĆ©ia com direito a palavra. Os participantes nas conversas ecumĆŖnicas sĆ£o todos os participantes oficiais da assemblĆ©ia mais alunos e professores (delegados, delegados representantes, delegados observadores, conselheiros da assemblĆ©ia, conselheiros da delegaĆ§Ć£o, observadores, convidados, alunos e professores). Segue abaixo a apresentaĆ§Ć£o da Conversa EcumĆŖnica n.11, "Conversas de Caminho: um convite a caminhar juntos sobre os temas da sexualidade humana" Durante a Assembleia anterior do Conselho Mundial de Igrejas, dia 10, em Busan, em resposta Ć s questƵes levantadas durante as conversas ecumĆŖnicas, sessƵes de trabalho e outras apresentaƧƵes sobre os desafios que as questƵes da sexualidade humana tĆŖm colocado para as igrejas membros do CMI e seus constituintes, a assembleia atravĆ©s do ComitĆŖ de Diretrizes do Programa fez a seguinte recomendaĆ§Ć£o: 'Ao estar ciente das questƵes que dividem as igrejas, o CMI pode servir como um espaƧo seguro para entrar em diĆ”logo e discernimento moral sobre questƵes que as igrejas consideram desafiadoras. Exemplos que foram ouvidos com forƧa nesta assemblĆ©ia incluem questƵes de gĆŖnero e sexualidade humana. QuestƵes controversas tĆŖm seu lugar dentro desse espaƧo seguro na agenda comum, lembrando que a tolerĆ¢ncia nĆ£o Ć© suficiente, mas o resultado final Ć© o amor e o respeito mĆŗtuo.' Em resposta Ć  recomendaĆ§Ć£o acima, o SecretĆ”rio-Geral do WCC formou um grupo de funcionĆ”rios e um Grupo de ReferĆŖncia em Sexualidade Humana para trabalhar em um documento que foi apresentado ao Conselho Executivo do WCC em novembro de 2019. O Conselho Executivo recebeu o documento e recomendou ā€œ encaminhando o relatĆ³rio ao comitĆŖ central para informaĆ§Ć£o com a sugestĆ£o de que a 11ĀŖ AssemblĆ©ia do CMI poderia ter uma conversa ecumĆŖnica sobre este assunto'. O objetivo desta conversa ecumĆŖnica Ć© criar um espaƧo de diĆ”logo e discussĆ£o sobre a sexualidade humana como ela Ć© realizada em diferentes contextos da irmandade do CMI e como a conversa pode ser realizada no futuro, enfatizando o amor e a reconciliaĆ§Ć£oā€. As duas guias a seguir alteram o conteĆŗdo abaixo. ...

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“Descolonizando nosso olhar sobre a migraĆ§Ć£o”

“Descolonizando nosso olhar sobre a migraĆ§Ć£o”

Torre Pellice (Turim), (NEV/Riforma.it), 21 de agosto de 2022 ā€“ Se as migraƧƵes forƧadas sĆ£o uma das grandes emergĆŖncias de nosso tempo, com centenas de milhƵes de pessoas forƧadas a abandonar suas casas e embarcar em uma longa odissĆ©ia que o soma-se a violaĆ§Ć£o dos direitos mais elementares da pessoa, a mulher nesse processo Ć© uma categoria ainda mais exposta ao risco: de maus-tratos, fĆ­sicos e psicolĆ³gicos, violĆŖncia, preconceitos. agora em #sinodovaldese encontro #FDEI sobre #mulheres E #migraƧƵescom nossas coordenadoras Marta Bernardini e Loretta Malan @DiaconiaValdese. Para acompanhar o trabalho de #sĆ­nodo @nev_it @Riforma_it @ValdeseChiesa @rbe_radio_tv @8x1000Waldensian @Confronti_CNT pic.twitter.com/eZ0yiUcdHV ā€” EsperanƧa do MediterrĆ¢neo (@Medohope_FCEI) 20 de agosto de 2022 Ao mesmo tempo, sua forƧa e tenacidade na busca de um objetivo muitas vezes fazem deles um modelo que derruba nossos clichĆŖs, nossos preconceitos. Portanto, dedicar a presidĆŖncia da FederaĆ§Ć£o das Mulheres EvangĆ©licas da ItĆ”lia ao tema "Mulheres e MigraĆ§Ć£o: Juntas Portadoras de Valores Universais, SimbĆ³licos e Culturais InalienĆ”veis" parece ser uma escolha extremamente oportuna. As prĆ³prias igrejas crescem e se enriquecem com a contribuiĆ§Ć£o de muitas pessoas, muitas mulheres, que de outros paĆ­ses decidem continuar seu projeto de vida e entre as vĆ”rias contribuiƧƵes que trazem para nossa sociedade estĆ” tambĆ©m a de hibridizar, inovar e renovar o culto e formas de viver a fĆ© e a Igreja. A Galeria de Arte CĆ­vica dedicada a Filippo Scroppo em Torre Pellice (To) estava lotada ontem Ć  tarde, sinal da grande vontade de nos encontrarmos novamente apĆ³s mais de dois anos de distĆ¢ncias forƧadas, para nos ouvirmos, conversarmos, discutirmos. Duas mulheres lideram dois dos projetos mais importantes que as igrejas evangĆ©licas italianas estruturaram nos Ćŗltimos anos em torno do grande tema da migraĆ§Ć£o: da ajuda alĆ©m do MediterrĆ¢neo Ć  acolhida em nosso paĆ­s e Ć  construĆ§Ć£o de novos projetos de vida. Loretta Malan, diretora do ServiƧo ao Migrante do CSD, a Diaconia Valdense, braƧo social da Igreja Valdense, destacou o quĆ£o apropriado Ć© o tĆ­tulo da conferĆŖncia, justamente "pela grande e variada contribuiĆ§Ć£o que mulheres de todos os cantos do mundo trazem ao nosso mundo. Ao mesmo tempo, somos nĆ³s que devemos compreender quantas culturas diferentes nos encontramos perante diferenƧas que requerem respostas moduladas, certamente nĆ£o homologadas, num processo contĆ­nuo de aprendizagem e enriquecimentoā€. Malan relembrou as vĆ”rias ondas migratĆ³rias dos anos 1970 (Filipinas, IndonĆ©sia) atĆ© hoje (Ɓfrica, Oriente MĆ©dio, mas nĆ£o sĆ³), cada uma delas trazendo diferentes desafios e valores. Atualmente sĆ£o acolhidas 700 pessoas nos diversos projetos da Diaconia Valdense, 30% mulheres. Cada um com sua prĆ³pria histĆ³ria, todos aparentemente semelhantes, mas na realidade profundamente diferentes. E Ć© justamente da escuta, sublinhou Malan, que devemos partir. ā€œAs mulheres empreendem jornadas trĆ”gicas porque sĆ£o vĆ­timas de violĆŖncia, porque elas ou seus filhos estĆ£o doentes e precisam de cuidados, para estudar e por muitos outros motivos. Nossa tarefa Ć© tambĆ©m nos questionar, interceptar suas necessidades e entender que cada um tem seu prĆ³prio projeto de vida. A escuta dos porcos Ć© o primeiro ato pelo qual eles recuperam uma singularidade, uma dignidadeā€. marta bernardini em vez disso, coordena o programa EsperanƧa do MediterrĆ¢neo da FederaĆ§Ć£o das Igrejas EvangĆ©licas da ItĆ”lia, conhecida sobretudo pelo projeto inovador dos "Corredores HumanitĆ”rios" que trouxeram vĆ”rios milhares de pessoas Ć  seguranƧa na ItĆ”lia, fugindo de suas prĆ³prias naƧƵes atormentadas. Seus longos anos de serviƧo na linha de frente, na ilha de Lampedusa, tambĆ©m serviram para entender quantos preconceitos todos nĆ³s, quer queira quer nĆ£o, carregamos quando nos aproximamos de uma pessoa, uma mulher em particular, que de alguma forma descende de uma barcaƧa. ā€œDescolonizar nosso olhar e considerar que nossas aƧƵes muitas vezes estĆ£o ligadas a uma imagem nĆ£o neutra que temos do outroā€, comentou Bernardini. ā€œQuando conseguimos sair dos estereĆ³tipos da mulher vitimizada ou da esperta manobrista, entĆ£o encontramos acontecimentos individuais, entendemos necessidades e urgĆŖncias, projetos de vida. O Ć­squio de julgar estĆ” sempre Ć  espreita, mas nĆ³s operadores temos que dar um passo atrĆ”s diante das expectativas daqueles que literalmente sofreram um inferno para chegar na nossa frente. ComeƧando de baixo porque mesmo na ItĆ”lia ainda hĆ” muitos direitos negados aos migrantes, e Ć s mulheres em particularā€. A mĆŗsica e os cantos sobre as migraƧƵes de ontem e de hoje em que o Grupo de Teatro Angrogna imergiu o pĆŗblico foi o digno encerramento do encontro, para lembrar sempre quantos italianos migraram e quantos o fazem ainda hoje. ...

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De guerras e pazes, ocupaƧƵes e direitos.  O mundo em Karlsruhe

De guerras e pazes, ocupaƧƵes e direitos. O mundo em Karlsruhe

Cole Keister, unsplash Karlsruhe (NEV), 2 de setembro de 2022 ā€“ O elefante na sala Ć© a questĆ£o ucraniana. Ou melhor, o que as igrejas cristĆ£s decidirĆ£o fazer e dizer, depois das posiƧƵes assumidas pelo patriarca de Moscou Kirill e seu apoio a Putin. Enquanto se aguarda o resultado final da cĆŗpula em Karlsruhe, hoje, na XI AssemblĆ©ia Geral do Conselho Mundial de Igrejas, oArcebispo Yevstratiy de Chernihiv e Nizhyn da Igreja Ortodoxa da UcrĆ¢nia (aqui o texto de seu discurso). "LĆ” #guerra nĆ£o Ć© apenas sobre a RĆŗssia, #UcrĆ¢nia e #Europa. Ɖ sobre #seguranƧa mundialmente. Onde serĆ” o prĆ³ximo conflito?Ā», as palavras do representante da Igreja Ortodoxa Ucraniana agora #Karlsruhe #WCCassembly. "Estamos abertos ao diĆ”logo, mas nĆ£o Ć  propaganda." pic.twitter.com/VL2WhKflnh ā€” AgĆŖncia NEV (@nev_it) 2 de setembro de 2022 Mas, alĆ©m dessa guerra, o evento internacional ocorrido na Alemanha Ć© catalisador de muitos outros conflitos, de muitas outras vozes que falam de ocupaƧƵes e direitos negados. Mas tambĆ©m de esperanƧa e de possibilidade de "reconciliaĆ§Ć£o". NĆ³s conhecemos alguns. Palestina Rifat Kassis Ć© um conhecido ativista cristĆ£o palestino nascido na CisjordĆ¢nia, expoente do Kairos Palestina, movimento nascido do "Documento Kairos", que defende "o fim da ocupaĆ§Ć£o israelense e a obtenĆ§Ć£o de uma soluĆ§Ć£o justa para o conflito". O que eles querem Ć© "criar consciĆŖncia sobre o que estĆ” acontecendo na Palestina, mas tambĆ©m dar esperanƧa Ć s pessoas: a situaĆ§Ć£o vai mudar, a ocupaĆ§Ć£o vai acabar, o sistema de apartheid criado e fortalecido nos Ćŗltimos anos deve chegar ao fim, para que haja um justo paz na regiĆ£o. Estamos aqui para pedir ao CMI que adote uma nova polĆ­tica - disse Kassis - que reconheƧa a situaĆ§Ć£o no terreno, a urgĆŖncia do que estĆ” acontecendo e a necessidade de acabar imediatamente. Deve chamar as coisas pelo nome. Considerando que muitas organizaƧƵes internacionais de direitos humanos definem Israel como um sistema de apartheid (aqui a declaraĆ§Ć£o da Anistia Internacional, ed) isso deve parar: a prĆ©-condiĆ§Ć£o para a paz Ć© esta. Estamos aqui para fazer lobby por uma resoluĆ§Ć£o que pode ser uma Roteiro pela paz". A soluĆ§Ć£o do 'dois estados, dois povos', para o expoente de KairĆ³s, deve ser superado. ā€œOs fatos no terreno mostram que nĆ£o funciona. Todas as soluƧƵes propostas atĆ© agora falharam, porque todas falharam em tornar a realidade clara, a situaĆ§Ć£o deve ser considerada indo Ć  raiz do problema. Queremos comeƧar a partir daĆ­. NĆ£o estamos aqui para decidir, nĆ£o somos polĆ­ticos, nĆ£o estamos aqui para dar respostas ou propor soluƧƵes. Mas o condiĆ§Ć£o sine qua non pois uma soluĆ§Ć£o certa Ć© parar de nos iludir com soluƧƵes que nĆ£o sĆ£o viĆ”veis. NĆ³s conversamos sobre isso nos Ćŗltimos quarenta anos e nada aconteceuā€¦ā€ O que as igrejas podem fazer? ā€œMuitas igrejas jĆ” estĆ£o fazendo muito. Por exemplo, eles boicotam produtos, firmas, empresas, bancos que se beneficiam da ocupaĆ§Ć£o. Mas, mais importante, as igrejas podem ter uma voz mais Ć©tica e nĆ£o ceder a polĆ­ticos corruptos. As igrejas - se quiserem - podem desempenhar um papel e Ć© o da Ć©tica, da moral, dos princĆ­pios baseados na humanidade. Ambos podem atuar, com desinvestimentos e boicotes, mas tambĆ©m ser uma voz Ć©tica. Como palestinos, nossa maior esperanƧa hoje estĆ” na sociedade civil, nas mĆ£os dos povos, porque infelizmente todos os governos estĆ£o muito distantes... Todos os governos ocidentais, os EUA, os paĆ­ses europeus estĆ£o financiando e apoiando a ocupaĆ§Ć£o e dando imunidade a Israel fazer o que quiser, ignorando os direitos humanos e o direito internacional... Queremos rejeitar a desumanizaĆ§Ć£o do povo palestino. Eles tentam silenciar nossa voz, distorcer os fatos aos olhos do pĆŗblico e ā€œassustarā€ as pessoas com anti-semitismo: qualquer crĆ­tica imediatamente se torna uma forma de anti-semitismo e para mim aterrorizar as pessoas e negar-lhes o direito de falar e se expressar, isso Ć© terrorismoā€. ObservaĆ§Ć£o. Qual Ć© a posiĆ§Ć£o do CMI sobre Israel e Palestina? Em uma declaraĆ§Ć£o pĆŗblica do ComitĆŖ Central do CMI datada de 18 de junho, hĆ” um "pedido pelo fim da ocupaĆ§Ć£o e pela igualdade de direitos humanos para todos" na Terra Santa. O WCC reconheceu o Estado de Israel desde a sua criaĆ§Ć£o em 1948, afirmou as garantias das NaƧƵes Unidas para sua existĆŖncia, reconheceu o direito de Israel de proteger seu povo sob a lei internacional e manteve as garantias da integridade territorial de Israel e de todas as naƧƵes da regiĆ£o. O conselho sempre pediu o fim da violĆŖncia, denunciou todas as formas de anti-semitismo, pediu o fim dos assentamentos ilegais nos TerritĆ³rios Palestinos Ocupados e promoveu uma soluĆ§Ć£o negociada de dois Estados para o conflito. O CMI nunca pediu um boicote econĆ“mico ao estado de Israel, mas trabalha com igrejas e outras organizaƧƵes para uma paz justa na Palestina e em Israel por todos os meios nĆ£o violentos possĆ­veis, polĆ­ticos e diplomĆ”ticos. O WCC nĆ£o promove boicotes com base na nacionalidade neste ou em qualquer outro contexto. Nem defende medidas econĆ“micas contra Israel. No entanto, ele tem uma posiĆ§Ć£o polĆ­tica de longa data favorĆ”vel ao boicote de bens e serviƧos dos assentamentos (considerados internacionalmente ilegais) nos TerritĆ³rios Palestinos Ocupados. EUA Tawnya Denise Anderson Ć© pastor da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos, serve em Kentucky, mora perto de Washington DC e faz parte do conselho da MissĆ£o Presbiteriana. ā€œPara mim Ć© a primeira assemblĆ©ia do CEC e Ć© fascinante. Depois da pandemia Ć© bom discutir tantos assuntos cruciais, nos reencontrar e perceber como cuidamos uns dos outrosā€, declara. Sobre o direito ao aborto nos EUA, ā€œcomo uma igreja presbiteriana dos EUA, hĆ” muito apoiamos o direito ao aborto e a saĆŗde reprodutiva das mulheres. Claro que nĆ£o somos monolĆ­ticos, tambĆ©m entendemos que dentro de algumas de nossas tradiƧƵes existem pessoas que nĆ£o pensam como nĆ³s sobre o aborto ā€“ elas sĆ£o uma minoria em nossa denominaĆ§Ć£o. Mas para a maioria de nĆ³s, a questĆ£o do aborto se enquadra na saĆŗde reprodutiva e no direito de acesso aos cuidados. Continuamos esta batalha pelos direitos das mulheres, por meio de nossos escritĆ³rios em todo o paĆ­s, e apoiamos outras denominaƧƵes que o fazem localmenteā€. As igrejas europeias e mundiais podem fazer alguma coisa? ā€œEnquanto isso, junte-se a nĆ³s em oraƧƵes. Mas tambĆ©m nos ajude a arrecadar dinheiro para pessoas que precisam viajar para acessar o atendimento ao aborto, de um estado para outro. E podem conversar com seus governantes, fazer pressĆ£o sobre a situaĆ§Ć£o nos Estados Unidos e a decisĆ£o da Suprema Corte de ser criticada em todos os nĆ­veisā€. O direito Ć  saĆŗde se confunde com os desafios do movimento Vidas negras importam. ā€œNossa denominaĆ§Ć£o Ć© 90% branca e temos uma longa histĆ³ria de aĆ§Ć£o nĆ£o violenta, defesa, engajamento e testemunho ao lado de movimentos antidiscriminatĆ³rios. E sabemos, por exemplo, que Ć© sobre os negros que a reviravolta do STF terĆ” as piores consequĆŖncias, sobre pessoas que jĆ” vivenciavam profundas desigualdades no acesso ao sistema de saĆŗde, famĆ­lias negras, nĆŗcleos mais pobres e vulnerĆ”veis: Ć© um tema, o do aborto, portanto nĆ£o sĆ³ de justiƧa de gĆŖnero e saĆŗde, mas tambĆ©m de justiƧa racial, como costuma acontecerā€. Cuba Edelberto Juan Valdese Fleites Ć© pĆ”roco da Igreja Presbiteriana Reformada de Cuba e estĆ” em Karlsruhe junto com uma delegaĆ§Ć£o de onze pessoas que representam diversas comunidades cristĆ£s da ilha. Para o expoente cubano, o evento atual fala de ā€œreconciliaĆ§Ć£o, diĆ”logo, entendimento e estamos celebrando esta assembleia em um mundo onde tudo isso falta. Todas estas palavras sĆ£o fundamentais tambĆ©m para a Igreja cubana. Temos muitas dificuldades econĆ³micas, e como viver a unidade, o diĆ”logo, o entendimento e a reconciliaĆ§Ć£o numa sociedade com tantos problemas? As razƵes dos problemas de Cuba tĆŖm razƵes complexas: uma delas, hĆ” sessenta anos, Ć© a bloqueio econĆ“mico-financeira mantida pelos EUA contra Cuba, e hĆ” um problema de nossa eficiĆŖncia, dentro de nosso paĆ­s, de tantas coisas que nĆ£o funcionam. O que procuramos fazer Ć© ajudar a populaĆ§Ć£o por meio de diversos projetos sociais, desde a purificaĆ§Ć£o da Ć”gua atĆ© o atendimento a idosos e crianƧas. Acima de tudo, tentamos dar esperanƧa Ć s pessoas e resolver os problemas das pessoas, tanto quanto podemos como igrejasā€. O diĆ”logo Ć© um valor para as igrejas cubanas e o cultivam tambĆ©m com o Partido Comunista de Cuba, ā€œo Ćŗnico partido que temos. Existe um gabinete ad hoc que trata precisamente das relaƧƵes entre as igrejas e os Ć³rgĆ£os e Ć³rgĆ£os do Estado, e tambĆ©m resolve muitos problemas prĆ”ticos - como, por exemplo, a renovaĆ§Ć£o e manutenĆ§Ć£o dos edifĆ­cios das igrejas - em vĆ”rios domĆ­nios. Existe um diĆ”logo, nem sempre Ć© fĆ”cil mas nĆ£o deixa de ser um espaƧo de discussĆ£o e sobretudo de escuta, o que Ć© importanteā€. A delegaĆ§Ć£o cubana pedirĆ” ao CMI uma posiĆ§Ć£o contra o embargo, que afeta ā€œnĆ£o tanto o governo quanto a populaĆ§Ć£o cubana. GostarĆ­amos de uma mudanƧa na polĆ­tica dos Estados Unidos em relaĆ§Ć£o a Cuba, para ter uma vida menos cansativa. E gostarĆ­amos que as igrejas e a opiniĆ£o pĆŗblica falassem do povo cubano. O bloqueado estĆ” nos separando e o tema desta assemblĆ©ia Ć© precisamente a reconciliaĆ§Ć£o: nunca podemos ser iguais, mas pelo menos podemos viver em diĆ”logo dentro da diferenƧaā€. Uruguai Rogelio Dario Barolin Ć© pastor da Igreja Valdense de Rio de la Plata, ordenado em 1999, nos Ćŗltimos seis anos Ć© secretĆ”rio da AlianƧa de Igrejas Presbiterianas Reformadas da AmĆ©rica Latina. Nessas redes, tenta-se ā€œligando a economia Ć  teologiaā€œ. Por isso, nos Ćŗltimos anos, a campanha #ZacTax foi lanƧada tambĆ©m na AmĆ©rica Latina, depois de outros continentes, "em nome da figura e seguindo o exemplo de Zaqueu, por um modelo tributĆ”rio justo e capaz de reparar as injustiƧas que eles foram criados". Porque ā€œa economia nĆ£o Ć© apenas uma ciĆŖncia que lida com nĆŗmeros, mas tem um valor e deve ter a ver com o que Ć© Ć©tico e certo. E tambĆ©m nos diz o que, como sociedade, toleramos ou aceitamos, em termos de injustiƧa." Diferentes modelos serĆ£o estudados e propostos para cada paĆ­s, dependendo dos contextos e leis vigentes. Quanto ao papel das comunidades evangĆ©licas na sociedade, sendo ā€œum lugar onde as pessoas podem ser acolhidas e acompanhadas, este Ć© um dos desafios mais importantes para as igrejas protestantes. Temos uma capacidade de resiliĆŖncia muito grande e uma teologia que responde a muitas necessidades deste tempo; o problema Ć© como se comunicar. Muitas vezes viemos dos guetos, mas Ć© como se voltĆ”ssemos para lĆ”, trancados num gueto, sozinhosā€. Finalmente, no Uruguai, "hĆ” um declĆ­nio nas questƵes de direitos, hĆ” uma crescente criminalizaĆ§Ć£o do protesto social, nos anos pĆ³s-covid a distribuiĆ§Ć£o da riqueza se polarizou, a desigualdade aumentou e os problemas das pessoas se agravaram mais vulnerĆ”veis... muito a fazer". Para mais informaƧƵes sobre a campanha #ZacTax: O planeta HĆ” outra guerra esquecida ou talvez negada como tal e Ć© a da humanidade contra a Terra. Realizou-se hoje na cidade alemĆ£ uma ā€“ bastante pequena face ao nĆŗmero de pessoas presentes na Assembleia da CEC ā€“ manifestaĆ§Ć£o de protesto, a propĆ³sito do #FridaysForFuture, com uma procissĆ£o que chegou Ć  entrada da cimeira ecumĆ©nica, discursos de jovens e activistas, cĆ¢nticos e danƧando pelo meio ambiente. A fĆ©, lĆŖ-se num dos cartazes dos jovens na procissĆ£o, Ć© verde. As duas guias a seguir alteram o conteĆŗdo abaixo. ...

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Otimizado por Lucas Ferraz.