Desenho de Francesco Piobbichi, equipe, programa Mediterranean Hope, Federação de Igrejas Protestantes na Itália (FCEI)
Roma (NEV), 10 de novembro de 2022 - Uma carta às igrejas protestantes em toda a Europa pedindo "solidariedade e compromisso" no acolhimento de migrantes. A iniciativa vem da Federação das Igrejas Evangélicas da Itália, que há poucos dias em nota também se manifestou contra a “seleção” de pessoas a serem desembarcadas em território italiano.
“O novo governo italiano – explicou Paulo Naso, pessoa de contacto para as relações institucionais e internacionais do Mediterranean Hope, programa de migrantes e refugiados da FCEI - adoptou recentemente uma polĂtica ilegal e imoral para gerir o desembarque de refugiados dos vários navios de ONGs envolvidos em operações de busca e salvamento. Esta polĂtica Ă© triste e insustentável. A intenção do governo de permitir “pousos seletivos” acabou fracassando, mas estamos profundamente preocupados com possĂveis desenvolvimentos polĂticos negativos. Faremos o possĂvel, mas Ă© claro que o problema Ă© europeu”, conclui Naso.
Segue abaixo o texto da carta – em italiano e abaixo em inglês – assinada pelo presidente da FCEI, Daniele Garronee dirigido às igrejas irmãs e comunidades protestantes em toda a Europa, no qual se refere à parábola do bom samaritano:
Queridas irmĂŁs, queridos irmĂŁos em Cristo,
Escrevo da Itália onde, mais uma vez, assistimos ao desembarque de milhares de migrantes resgatados por ONGs engajadas em operações de busca e salvamento no mar. Evangelicamente, sou o próximo homem ferido que encontramos na estrada "que desce de Jerusalém para Jericó" (Lucas 10:30). Muitas vezes não respondemos a essas mulheres, homens e crianças que batem à nossa porta.
Escrevo para pedir o apoio de suas igrejas para uma ação conjunta de pressĂŁo sobre seus governos para que assumam suas responsabilidades no acolhimento das cotas programadas de refugiados que desembarcam na Itália ou em outros paĂses mediterrâneos. Hoje nĂŁo temos justificativas: sabemos muito bem do que fogem, de quais tragĂ©dias e de quais violĂŞncias e, tanto por razões evangĂ©licas quanto pela tradição de proteção dos direitos humanos que caracteriza a UniĂŁo Europeia, devemos levantar a voz e rejeitar projetos ilegais , imorais e insustentáveis ​​como os "muros" em defesa da fortaleza Europa, os "bloqueios navais", as rejeições de refugiados, os obstáculos colocados no caminho de quem faz busca e salvamento no mar. A Itália, tal como a GrĂ©cia, Espanha e Malta sĂŁo os paĂses mais expostos a esta pressĂŁo migratĂłria que, em determinadas Ă©pocas do ano, atinge picos excepcionalmente elevados. Pela nossa parte, estamos empenhados em acolher e recompensar o nosso Governo por operar dentro da legalidade europeia e na tradição humanitária que tem caracterizado o nosso paĂs. No entanto, a Itália e os outros paĂses mais expostos nĂŁo podem ficar sozinhos. A questĂŁo da migração nĂŁo Ă© italiana nem espanhola, mas europeia e, como tantas vezes já dissemos, a Europa – a nossa Europa – começa em Lampedusa. Para isso pedimos o seu empenho e a sua solidariedade.
Ao mesmo tempo, queridas irmĂŁs, queridos irmĂŁos, propomos mais uma vez uma ação conjunta para promover aqueles "corredores humanitários" que salvaram milhares de vidas humanas nos Ăşltimos anos. Esta proposta enquadra-se perfeitamente nos compromissos europeus de abrir "caminhos complementares" para abrir vias legais e seguras para os refugiados acederem aos paĂses onde pretendem asilo.
Unidos na fĂ©, na oração e no testemunho do Senhor que ama e salva a humanidade, renovamos nosso apoio a todas as igrejas irmĂŁs e agĂŞncias ecumĂŞnicas que trabalham no setor de migração. Neste espĂrito de fraternidade evangĂ©lica, espero que seja possĂvel trabalharmos juntos.
fraternalmente
Prof. Passado. Daniele Garrone, presidente da FCEI
Prezadas irmĂŁs e irmĂŁos em Cristo,Escrevo da Itália onde, mais uma vez, apoiamos o desembarque demilhares de migrantes resgatados por ONGs envolvidas em missões de busca e salvamento no mar. Comogente de fĂ©, reconhecemos os que estĂŁo no mar como nossos prĂłximos, feridos na beira do caminho, ao encontrá-los no caminho “que desce de JerusalĂ©m para Jericó” (Lc 10,30). Muitas vezes deixamos de atender a essas mulheres, homens e crianças que batem Ă nossa porta.Estou escrevendo para pedir o apoio de suas igrejas em um chamado conjunto Ă ação, urgentemente seugovernos assumam a responsabilidade por sua cota designada de chegada de refugiados Ă Itália e outros paĂses mediterrâneos. Agora nĂŁo temos mais desculpas: conhecemos bem as violações dos direitos humanos e os atos de violĂŞncia dos quais as pessoas sĂŁo forçadas a fugir para chegar Ă s nossas costas.Nosso mandato cristĂŁo nos obriga a responder, assim como o compromisso da UniĂŁo EuropĂ©ia de proteger os direitos humanos. Elevamos nossa voz coletiva em dissidĂŞncia contra os mecanismos ilegais, imorais e inaceitáveis ​​que atuam como “muros de proteção” para defender uma “fortaleza europeia”. Opomo-nos aos sistemas de dissuasĂŁo, bloqueios navais, retrocessos e obstáculos impostos contra refugiados que buscam resgate no mar. Os paĂses da Itália, GrĂ©cia, Espanha e Malta enfrentam pressões para responder aos fluxos migratĂłrios, testemunhando nĂşmeros especialmente altos de chegadas durante determinadas Ă©pocas do ano. Da nossa parte, comprometemo-nos a receber e acolher e apelamos ao nosso governo para que opere dentro das leis e práticas europeias de acordo com a longa tradição humanitária mantida pelo nosso paĂs. No entanto, a Itália e os outros paĂses de resposta direta nĂŁo podem ser deixados sozinhos. As questões que giram em torno da migração dizem respeito Ă Europa como um todo, nĂŁo apenas Ă Itália ou Ă Espanha, e reiteramos a afirmação de que a Europa– a nossa Europa – começa em Lampedusa. Por isso pedimos hoje o seu empenho e solidariedade.No mesmo fĂ´lego, queridas irmĂŁs e irmĂŁos, pedimos mais uma vez um apelo conjunto Ă ação, para promover os corredores humanitários que proporcionaram segurança a milhares de vidas humanas nos Ăşltimos anos. Esses corredores estĂŁo em perfeito alinhamento com o compromisso europeu de abrir e expandir caminhos complementares e aumentar a passagem segura e legal para os refugiados chegarem aos paĂses onde podem solicitar asilo.Unidos na fĂ©, na oração e no testemunho pĂşblico do Senhor que ama e salva a humanidade, reafirmamos nosso apoio a cada uma das igrejas irmĂŁs e agĂŞncias ecumĂŞnicas que participam do trabalho de serviço aos migrantes. Nesse espĂrito de unidade cristĂŁ, espero que trabalhemos juntos.Seu em Cristo,Daniele Garrone
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