Morreu Maria Vingiani, mestra de ecumenismo
Roma (NEV), 17 de janeiro de 2020 – Morreu ontem à noite em Mestre Maria Vingianifundador da Secretaria de Atividades Ecumênicas (SAE), justamente às vésperas da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SPUC).
O teólogo valdense Paulo rico lembre-se assim.
“Maria Vingiani é sem dúvida a principal arquiteta do ecumenismo na Itália. Não há ninguém, nem homem nem mulher, que tenha contribuído tanto quanto ela para o nascimento do ecumenismo. Foi ela quem o concebeu, exatamente como quem concebe um filho, deseja-o, dá à luz, cria-o com amor, paciência e também com uma carga de amor única, excepcional, particular, como a de Maria Vingiani.
Você tem sido um professor de ecumenismo, não só para a Igreja Católica, pelo que a Igreja Católica conseguiu assumir do ideal ecumênico. Mas, uma característica que me parece muito singular, mais única do que rara, é que foste mestre de ecumenismo não só, como disse, na Igreja Católica, mas também na Igreja Evangélica.
Se devo dizer quem mais contribuiu para minha formação ecumênica, devo mencionar, por um lado, a experiência fundamental e inesquecível do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em cuja comissão tive o privilégio de trabalhar por cerca de quinze anos , mas então ela. Considero Maria Vingiani minha mestra de ecumenismo. É ela quem me ajudou a vencer minhas resistências, porque todos inevitavelmente carregamos resistências conosco. Por isso tenho para com ele, também pessoalmente, uma grande e inesquecível gratidão”.
o pastor batista Luca Maria Negro, presidente da Federação das Igrejas Protestantes da Itália (FCEI), acrescenta: “Somos gratos ao Senhor pela longa vida e compromisso ecumênico de Maria Vingiani. Maria nos ensinou muitas coisas: entre elas, que o ecumenismo exige um grande respeito pela identidade de todos os interlocutores e, para respeitar-se, é preciso conhecer-se de maneira não superficial; que está enraizado no diálogo entre as igrejas e o judaísmo, que é a nossa raiz; que o ecumenismo não pode ser explorado por nenhuma estrutura eclesiástica. Para isso ele queria fundar um movimento de ‘leigos’ no qual nenhuma igreja pudesse colocar seu ‘chapéu’. Ainda hoje, numa Itália que ainda luta para se abrir ao diálogo ecuménico, a SAE, sobretudo com as suas formações ecuménicas (já na sua 56. países onde o diálogo ecumênico está muito mais avançado do que na Itália”.
Maria Vingiani (1921-2020), veneziano, de família meridional, cresceu em Veneza na pluralidade de Igrejas cristãs: ortodoxa grega, valdense, metodista, luterana, anglicana atuante no perímetro do centro histórico da cidade lagunar. A divisão entre católicos e protestantes foi o tema de sua tese de graduação, discutida na Universidade de Pádua em 1947.
No pós-guerra envolveu-se na política, tornando-se assessora das Belas-Artes; foi nesses anos que seu compromisso com o ecumenismo encontrou apoio e força no encontro com o então patriarca Roncalli, futuro Papa João XXIII.
Com o Concílio Vaticano II, Vingiani mudou-se para Roma e dedicou-se a tempo inteiro à sua ‘paixão’ pelo ecumenismo, fundando a SAE no início de 1963. Maria Vingiani presidiu a SAE até 1996.
Deixe o seu comentário! Os comentários não serão disponibilizados publicamente