Roma (NEV), 13 de marƧo de 2023 ā Novas luzes para o templo valdense na capital. O Grupo Acea renovou de fato a iluminaĆ§Ć£o da Igreja Valdense na Piazza Cavour - Roma. A inauguraĆ§Ć£o aconteceu na Ćŗltima sexta-feira, na presenƧa de instituiƧƵes e representantes da comunidade protestante.A inauguraĆ§Ć£o contou com a presenƧa, entre outros, Daniele Garronepresidente da FederaĆ§Ć£o das Igrejas EvangĆ©licas da ItĆ”lia e Moderador da Mesa Valdense, Alessandra Trotta.
āO que hĆ” por trĆ”s desta igreja que domina a Piazza Cavour, um dos sĆmbolos da ItĆ”lia liberal, e que agora Ć© realƧada pela monumental iluminaĆ§Ć£o disponibilizada pela ACEA? Vou tentar destacar brevemente o "atrĆ”s" da histĆ³ria que viu na construĆ§Ć£o da igreja um local de pouso fundamental e os "envolventes" do complexo, do complexo protestante em uma das Ć”reas em desenvolvimento da capital Roma.
Por detrĆ”s desta fachada que exprime tambĆ©m a consciĆŖncia de fazer parte de uma nova e tĆ£o esperada era ā que nĆ£o por acaso tambĆ©m se referia ao āIluminismoā ā o orgulho de pertencer a ela e a vontade de serem os seus protagonistas, estĆ£o antes de mais os sĆ©culos de clandestinidade e dissimulaĆ§Ć£o forƧada para os valdenses. A fĆ© vivia Ć noite, no escuro: esse era o destino dos "pobres" na Idade MĆ©dia. As coisas mais importantes para a identidade de alguĆ©m viviam nas sombras, reuniƵes clandestinas organizadas no abrigo da noite. A visibilidade, que hoje Ć© um dos critĆ©rios de comunicaĆ§Ć£o e um dos indicadores de sucesso, significava entĆ£o incorrer em repressĆ£o. SĆ³ se podia ser vocĆŖ mesmo nas sombras. Lembro-me nĆ£o para ter pena dos nossos antepassados, nem para nos alegrar com o sofrimento dos outros, mas porque esta ainda Ć© a dura realidade em muitas partes do mundo.
Com a adesĆ£o Ć Reforma no sĆ©culo XVI, a postura dos descendentes e herdeiros dos pobres mudou: a Reforma convenceu-os de que deviam ser vistos, deviam vir Ć tona, a Palavra que testemunhavam ā lux lucet in tenebris ā teve que ser trazido Ć luz do Sol. Foi assim que os valdenses da CalĆ”bria se revelaram. No entanto, aplicava-se tambĆ©m a eles a palavra do filĆ³sofo do Antigo Testamento, "nada de novo debaixo do sol"... Uma vez nascidos, recaiu sobre eles uma cruel repressĆ£o, feita de matanƧas, prisƵes e escravizaƧƵes como remadores no MediterrĆ¢neo. Talvez nĆ£o seja por acaso que hoje nos interessamos pelos barcos de pessoas desesperadas que atravessam o MediterrĆ¢neo. Seu pastor, Giovan Luigi Pascale, foi julgado em Roma. A luz que se acendeu foi a das chamas da sua estaca (1560), apĆ³s o estrangulamento. Este foi o fim que ele compartilhou com dezenas e dezenas de outros, antes e depois dele, incluindo o cardeal Pietro Carnesecchi (1567), que, no entanto, foi decapitado primeiro.
TambĆ©m aqui me lembro dessas pĆ”ginas trĆ”gicas para nĆ£o despertar simpatia. Ainda hoje o saindo, a livre expressĆ£o das prĆ³prias ideias, a livre implementaĆ§Ć£o das prĆ³prias escolhas podem ser pagas com a prĆ³pria vida, estĆ” tudo diante de nossos olhos, IrĆ£ AfeganistĆ£o etc. e ainda hoje o obscurantismo tambĆ©m tem defensores e argumentos religiosos... A iluminaĆ§Ć£o capaz de derrotar essa escuridĆ£o ainda nĆ£o chegou a todos os lugares e em muitos lugares a escuridĆ£o parece inviolĆ”vel.
Ć somente apĆ³s o rompimento da Porta Pia que os valdenses, os judeus finalmente libertados do gueto, os outros evangĆ©licos que chegam imediatamente Ć quela que jĆ” Ć© a capital do Reino Unido pela qual muitos deles lutaram, podem finalmente contar com uma visibilidade desobstruĆda. NĆ£o apenas ileso, mas orgulhoso e engenhoso. O primeiro templo valdense foi inaugurado na via IV de novembro de 1883; em 1895, um enorme complexo episcopal metodista foi inaugurado na via XX Settembre. Em frente Ć ilha do Tibre, depois da demoliĆ§Ć£o do antigo gueto, foi construĆda em 1904 uma enorme sinagoga que, olhando mais de perto, tem a mesma postura urbana da nossa igreja: estamos aqui, podemos ser vistos e vocĆŖs devem nos ver. .. Ć© o inĆcio de um caminho que levarĆ” Roma a se tornar a encruzilhada das religiƵes que Ć© hoje.
Vamos voltar para nĆ³s. Estamos numa praƧa, com duas torres que nĆ£o escapam ao olhar. NĆ£o Ć© apenas um local urbano feliz; ainda em 1883 a igreja da via IV de Novembro teve de ser disfarƧada com feiƧƵes de palĆ”cio burguĆŖs. Ć uma metĆ”fora; Ć© o lugar de quem quer fazer parte do discurso que se dĆ” na Ć”gora. Poucos, mas presentes e vocais, como diriam na AmĆ©rica, extrovertidos. A vontade de ser voz no debate pĆŗblico foi fortalecida com a RepĆŗblica, ou seja, desde que a Ć”gora foi palco de uma democracia parlamentar constitucional, onde cresce uma democracia discursiva. Aqui queremos fazer um discurso que nĆ£o Ć© sĆ³ de ideias, mas tambĆ©m de compromisso social.
Uma vez construĆdo o edifĆcio, comeƧaram de imediato as actividades sociais, por exemplo a favor dos militares dos numerosos quartĆ©is prĆ³ximos, com serviƧos mĆ©dicos e oferecendo espaƧos de utilizaĆ§Ć£o das saĆdas gratuitas tambĆ©m para leitura e formaĆ§Ć£o... Hoje as formas dessa acĆ§Ć£o sĆ£o mudando, mas a vocaĆ§Ć£o de fazer a nossa parte junto com os outros nĆ£o falha.
Ao redor da igreja, os demais elementos do complexo. No outono de 1922 - a coincidĆŖncia com a marcha sobre Roma Ć© puramente acidental e pedimos desculpas aos ouvintes - foi inaugurada a sede da Faculdade de Teologia (fundada em Torre Pellice em 1855, transferida para FlorenƧa como capital em 1861 e depois daqui para Roma onde ainda estĆ”), que hoje forma pastores e pastoras em particular das igrejas metodistas, valdenses e batistas, mas nĆ£o sĆ³, e que desenvolve uma atividade ecumĆŖnica de formaĆ§Ć£o teolĆ³gica cultural com ensino a distĆ¢ncia. Abriga uma biblioteca cada vez maior, agora com mais de 110.000 volumes, que Ć© um centro de excelĆŖncia para a pesquisa acadĆŖmica do protestantismo. A biblioteca, que durante dĆ©cadas nĆ£o foi apenas um meio de acesso Ć cultura protestante, mas ā em torno da Prof. Subilia, um cĆrculo de interlocuĆ§Ć£o intelectual. Os cidadĆ£os romanos conhecem sobretudo as duas grandes salas ā a Aula Magna da Faculdade e a sala da via Marianna Dionigi 59 ā como locais de concertos, debates ā atĆ© mesmo sobre questƵes polĆŖmicas, como divĆ³rcio, aborto, āfim da vidaā etc. ā de convenƧƵes e conferĆŖncias. Mas tambĆ©m de funerais secularesā¦ Tudo nĆ£o sĆ³ Ć luz do sol, mas agora iluminado mesmo quando estĆ” escuro. Obrigado a quem forneceu a iluminaĆ§Ć£o monumental. Ao concluir estas breves reflexƵes relacionadas com a luz, nĆ£o posso deixar de partilhar uma imagem, aliĆ”s, uma realidade completamente oposta. Recentemente visitei o albergue social para trabalhadores que nossa FederaĆ§Ć£o de Igrejas EvangĆ©licas da ItĆ”lia abriu em San Ferdinando, na planĆcie de Gioia Tauro. Depois do pĆ“r-do-sol, contornamos os chamados campos ā favelas e cidades-tendas ā construĆdos com dinheiro pĆŗblico, onde vivem em condiƧƵes precĆ”rias quem recolhe as laranjas que vĆ£o para grandes varejistas e que compramos em supermercados. As ruas que levam atĆ© ela sĆ£o repletas de postes de iluminaĆ§Ć£o modernos, mas sempre apagados, pois a iluminaĆ§Ć£o dificulta o trĆ”fico do crime organizado. Essas estradas que estĆ£o sempre no escuro sĆ£o atravessadas por trabalhadores negros. TambĆ©m nisso sĆ£o os "invisĆveis" de hoje. De vez em quando alguĆ©m Ć© atropelado. TambĆ©m estamos lĆ” para fornecer a eles coletes refletivos e refletores para destacar suas bicicletas. Mas isso nĆ£o elimina a deficiĆŖncia mais grave, a da iluminaĆ§Ć£o pĆŗblica que, olhando mais de perto, Ć© a luz da RepĆŗblica. NĆ³s gostamos disso aqui. E vocĆŖ o intensificou. Mas a RepĆŗblica nĆ£o termina na Piazza Cavour, continua atĆ© Marsala e Lampedusa. Sentimos que devemos dizĆŖ-lo tambĆ©m na Piazza Cavour, ou seja, na Ć”gora da RepĆŗblicaā.
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