InteligĂȘncia artificial: oportunidade ou risco?

InteligĂȘncia artificial: oportunidade ou risco?

Detalhe do Chroma V de Yunchul Kim. Bienal de Veneza 2022, PavilhĂŁo da RepĂșblica da Coreia, Gyre – Curador: Youngchul Lee – ComissĂĄrio: Arts Council Korea (Foto ER/nev)

Roma (NEV), 12 de junho de 2023 – ano de 2054. Zero homicĂ­dios em Washington, graças ao sistema Precrime, baseado nas premoniçÔes de trĂȘs indivĂ­duos com poderes extra-sensoriais. A polĂ­cia intervĂ©m com antecedĂȘncia e prende os potenciais “perpetradores”. É a trama de Minority Report, filme com Tom Cruise dirigido por Steven Spielberg Baseado na histĂłria de ficção cientĂ­fica de mesmo nome de Philip K. Dick.

Ano 2023. ItĂĄlia. O MinistĂ©rio do Interior gostaria de equipar as delegacias de polĂ­cia em toda a ItĂĄlia com “Giove”, um novo sistema de polĂ­cia preditiva (uma questĂŁo parlamentar sobre o assunto foi apresentada ao Senado em 7 de junho). Trata-se de um software baseado em um algoritmo de inteligĂȘncia artificial que, por meio de bancos de dados policiais, tenta calcular a probabilidade de um crime.

A InteligĂȘncia Artificial desperta interesse, atração e medo. NĂłs conversamos sobre isso com Gianluca Fiuscorecentemente eleito para o ComitĂȘ Executivo Europeu da Associação Mundial para a Comunicação CristĂŁ (WACC), e com Stefano Frache, engenheiro e tradutor, entre os curadores das diretrizes do projeto “Bem-estar das sociedades e locais de trabalho digitalizados” promovido pela rede “Ação da Igreja pelo Trabalho e pela Vida”. Fiusco e Frache nos dĂŁo um panorama da complexidade e do fascĂ­nio da inteligĂȘncia artificial (e humana), que faz parte do nosso cotidiano. SĂŁo questĂ”es que nos desafiam como cidadĂŁos e como instituiçÔes, inclusive religiosas.

“Hoje assistimos a uma polarização entre os que confiam na tecnologia e os que desconfiam dela. Mas essa abordagem nĂŁo faz nada alĂ©m de alimentar um dualismo funcional ao sistema binĂĄrio: 1-0. Algoritmos tendem a agrupar pessoas semelhantes mantendo grupos distintos e distantes uns dos outros em bolhas virtuais. Assim a contaminação nĂŁo se desenvolve, as ideias ficam confinadas Ă  esfera onde foram concebidas e o pensamento nĂŁo amadurece, nĂŁo evolui. Vozes crĂ­ticas sĂŁo expostas aos fĂŁs, odiadas e silenciadas. Acontece atĂ© nos parlamentos e atĂ© nas igrejas – diz Fiusco -. No entanto, como seres humanos somos muito mais complexos e articulados do que a mĂ©trica binĂĄria. Trazer nossas vidas de volta para mapas e algoritmos corre o risco de produzir efeitos imprevisĂ­veis nĂŁo apenas em nossa estrutura mental e neural, mas tambĂ©m em nossas sociedades. A reescrita dos ‘cĂłdigos’ humanos, da convivĂȘncia social, da vida democrĂĄtica sĂŁo questĂ”es tĂŁo importantes quanto as mudanças climĂĄticas”, diz Gianluca Fiusco, que lembra tambĂ©m o empenho do WACC na elaboração de conteĂșdos sobre algoritmos, discriminação, polarização e exclusĂŁo digital . “Algoritmos desenvolvidos segundo critĂ©rios subjetivos refletem os efeitos do colonialismo, do racismo e dos desequilĂ­brios sistĂȘmicos de poder e agravam as desigualdades e discriminaçÔes existentes” diz o Manifesto pela justiça digital elaborado pelo SimpĂłsio “Comunicação para a justiça social na era digital” organizado pelo WACC e o Conselho Mundial de Igrejas (CEC) em 2021.

Audre Lorde ele escreveu “As ferramentas do mestre nunca irĂŁo desmantelar a casa do mestre. Eles podem nos permitir vencĂȘ-lo temporariamente em seu prĂłprio jogo, mas nunca nos permitirĂŁo fazer uma mudança real.” A partir dessa advertĂȘncia, diz Fiusco, “o WACC teve a oportunidade de refletir o quanto os instrumentos de opressĂŁo nĂŁo podem ser aplicados de forma eficaz para combater a prĂłpria opressĂŁo”. Opressor que muitas vezes coincide com “homem, branco, rico”. Fiusco tambĂ©m lembra como as igrejas, durante a pandemia, “muitas vezes se reuniam virtualmente em plataformas financiadas por lobbies de alta tecnologia, que usam uma tecnologia semelhante, senĂŁo a mesma, ao reconhecimento facial ou aos sistemas de mira de armas… a falta de pastores foi resolvida ligando uma webcam”. NĂŁo se pode e nĂŁo se deve ter medo do desenvolvimento tecnolĂłgico, argumenta Fiusco, “mas as igrejas, talvez mais do que outras organizaçÔes, tĂȘm o dever de se perguntar se esse Ă© o modelo de comunidade que querem fomentar. Se, isto Ă©, a fĂ© hoje, parafraseando a EpĂ­stola aos Romanos, nasce mais do que da escuta, da conexĂŁo. Algumas realidades eclesiĂĄsticas (adventistas, luteranos, pentecostais) lançaram hĂĄ muito tempo um processo de reflexĂŁo e experimentação avançada sobre animação digital para comunidades. Trata-se, portanto, de ter vontade e convicção para conceber e experimentar um modelo de mudança em que as Igrejas se sintam questionadas: capazes de investir tempo, teologia, recursos, visĂŁo, questionamentos. Na consciĂȘncia de jĂĄ estar atrasado”.

Stefano Frache ecoa: “A IA pode parecer programada para fazer coisas perturbadoras, mas podemos analisar suas implicaçÔes de vĂĄrias perspectivas. HĂĄ um funcionamento interno, difĂ­cil de explicar, e um efeito externo. Os cenĂĄrios que retratam a IA como monstruosamente autĂŽnoma nĂŁo levam em conta o fato de que hĂĄ muitas pessoas por trĂĄs dos agregados de dados e informaçÔes. O processamento pode ser aprimorado, no sentido da generalização, mas esses sistemas nĂŁo sintetizam o pensamento, nĂŁo extraem significado. Esta Ă© uma forma de habilidade que nĂŁo requer o desenvolvimento de um algoritmo, falar sobre IA dessa forma Ă© enganoso. Vejo um risco maior em relação Ă  privacidade e gerenciamento e manipulação de informaçÔes. O ostracismo tecnolĂłgico nĂŁo Ă© uma resposta, Ă© irreal. NĂŁo podemos colocar um estilingue e uma ogiva de mĂ­ssil no mesmo nĂ­vel
”. Frache continua: “Com as eleiçÔes americanas de 2016, testemunhamos o primeiro caso bipartidĂĄrio de interferĂȘncia nos processos de formação da opiniĂŁo pĂșblica. Se as opiniĂ”es podem ser influenciadas com IA, Ă© claro que precisamos de ferramentas para nos defender, atĂ© porque no futuro o embate serĂĄ entre sistemas cada vez mais evoluĂ­dos. Ainda falando de filmes, normalmente pensamos em jogos de guerra
 mas coisas assim acontecem todos os dias, em graus variados, com ferramentas diferentes. A dissuasĂŁo Ă© construĂ­da, interromper o desenvolvimento Ă© prejudicial e perigoso
”

HĂĄ, novamente, o tema Ă©tico, que inevitavelmente se confunde com o dos negĂłcios: “Totalitarismos e visĂ”es imperialistas nĂŁo sĂŁo apetites apaziguados. Por onde circulam negĂłcios e dinheiro, fique de olho. O medo nĂŁo ajuda nisso, porque se estamos com medo nĂŁo conseguimos entender como podemos nos defender. TambĂ©m se aplica a golpes. Cada vez mais vĂ­timas, nĂŁo sĂł (mais) entre os idosos. NĂŁo Ă© ser travesso, Ă© ser esperto para nĂŁo ser enganado. E para isso Ă© preciso inovação, pesquisa e conscientização”, continua Stefano Frache. E conclui: “É preciso construir e entender a confiabilidade da informação. Temos medo da IA, mas nĂŁo temos medo dessa tecnologia que carregamos no bolso todos os dias e da qual ninguĂ©m fala. Lembremos que a mudança tambĂ©m Ă© influenciada por escolhas de comportamento e de compra. Precisamos voltar na estratificação da tecnologia, que dos sistemas operacionais, Ă s plataformas, chega depois aos consumidores, passando pelos pilotos explorados, sĂł para dar um exemplo. No entanto, as multinacionais sĂŁo influenciadas por 3% dos consumidores, nĂŁo 50%
 veja o caso da Chiquita. Pouco menos de 3% de abandono foi suficiente para mudar as condiçÔes de exploração dos agricultores. Quando uma massa pequena, mas coerente, muda de comportamento, a mudança jĂĄ foi acionada. Pensar que vocĂȘ Ă© irrelevante porque estĂĄ em desvantagem numĂ©rica pode ser uma desculpa perigosa para sair, em vez disso, vocĂȘ precisa manter uma forte motivação e nĂŁo desistir”.

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NotĂ­cias da ConferĂȘncia das Igrejas Europeias (KEK)

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O novo logotipo da ConferĂȘncia das Igrejas Europeias (KEK) Roma (NEV), 27 de abril de 2023 – Aqui estĂŁo as Ășltimas notĂ­cias da ConferĂȘncia das Igrejas Europeias (KEK). Trazendo a paz: uma troca honesta sobre a guerra na UcrĂąnia patrocinada pelo CEC O webinar organizado pela ConferĂȘncia das Igrejas Europeias no Ăąmbito dos "Caminhos para a Paz" foi realizado no dia 24 de abril. Em colaboração com o Inclusive Peace, o webinar explorou “O papel dos atores religiosos nos processos polĂ­ticos – experiĂȘncias comparativas e implicaçÔes para a UcrĂąnia e a RĂșssia”. O secretĂĄrio-geral do CEC JĂžrgen Skov SĂžrensen abriu o webinar pedindo aos participantes que lembrassem onde estavam no dia em que a RĂșssia invadiu a UcrĂąnia, 24 de fevereiro de 2022. Coincidentemente, o CEC havia agendado uma grande reuniĂŁo virtual. Assim, apenas alguns dias apĂłs a invasĂŁo, mais de 100 pessoas se reuniram online para conversar sobre o que havia acontecido, orar juntas, compartilhar pensamentos e atĂ© mesmo lamentar juntas. Mais de um ano depois, os Caminhos para a Paz da CEC pretendem promover a justiça, a reconciliação e a paz na UcrĂąnia, sendo proativos no diĂĄlogo com as instituiçÔes europeias e abordando questĂ”es polĂ­ticas cruciais. Alex ShoebridgeresponsĂĄvel pelo apoio ao processo de paz da paz inclusivafalou em nome de sua organização, um “pense e faça tanque que apĂłia a paz e os processos de reforma polĂ­tica por meio de aconselhamento baseado em evidĂȘncias”. Foram discutidos os principais fatores subjacentes a um processo de paz sustentĂĄvel, o envolvimento de atores polĂ­ticos e da sociedade civil. E, ainda, das causas da guerra e dos caminhos possĂ­veis para a paz. AlĂ©m disso, o papel das igrejas em conflito e mediação, particularmente em relação Ă  Igreja Ortodoxa Russa e pontos de entrada para o CEC e o Conselho Mundial de Igrejas (WCE), bem como a questĂŁo da desuniĂŁo entre as igrejas ortodoxas na UcrĂąnia. O pastor Alan Donaldson, secretĂĄrio-geral da Federação Batista Europeia (EBF), descreveu "os esforços das igrejas batistas em arrecadar mais de 1,2 milhĂŁo de dĂłlares, que serĂŁo investidos na reconstrução de igrejas na UcrĂąnia depois da guerra". Ele tambĂ©m refletiu sobre o fato de que "a cooperação ecumĂȘnica com as Igrejas ortodoxas na UcrĂąnia melhorou desde o inĂ­cio da guerra, especialmente no ministĂ©rio do trabalho humanitĂĄrio conjunto". O webinar destacou a importĂąncia das igrejas europeias, bem como grupos informais de oração, jovens, mulheres e comunicadores profissionais engajados em processos de paz. Finalmente, o webinar destacou a necessidade de proteger os locais religiosos e locais de culto, sublinhando que um conceito comum de segurança deve ser desenvolvido na sociedade civil europeia. Catedral de Haderslev – Foto tirada de "Uma vitĂłria dos direitos humanos". O comentĂĄrio do CEC sobre a abolição da lei dinamarquesa que propunha a tradução obrigatĂłria de sermĂ”es Dinamarca. Pare a lei que exigia a tradução para o dinamarquĂȘs de sermĂ”es de outras lĂ­nguas. O comentĂĄrio do CEC logo apĂłs a retirada do projeto de lei: "Uma vitĂłria dos direitos humanos". JĂĄ hĂĄ dois anos a ConferĂȘncia das Igrejas EuropĂ©ias havia escrito uma carta na qual expressava sĂ©ria preocupação com a proposta. Leia o artigo em Riforma.it Foto Mladen Trkulja / CEC Comunicado de imprensa: Credenciamentos abertos para a Assembleia Geral CEC 2023 em Tallinn A CEC realizarĂĄ sua Assembleia Geral de 14 a 20 de junho de 2023 em Tallinn, EstĂŽnia, sob o tĂ­tulo “Sob a bĂȘnção de Deus – moldando o futuro”. A mĂ­dia estĂĄ convidada a se registrar online e participar da coletiva de imprensa em 20 de junho de 2023. Leia aqui. Convite para Bem-estar digital A rede Ação da Igreja sobre Trabalho e Vida (CALL*/Church action on work and life) realizarĂĄ um webinar intitulado "CALL for digital wellness". Marcação dia 24 de maio, das 17h30 Ă s 19h00 (hora de Bruxelas). O webinar explorarĂĄ as necessidades da digitalização, que devem ser modeladas e desenhadas de forma Ă©tica, de forma a dar igual importĂąncia aos valores ecolĂłgicos, econĂŽmicos e sociais. Cadastre-se e saiba mais clicando aqui. *CALL Ă© uma rede europeia que procura abordar o emprego e questĂ”es econĂłmicas e sociais relacionadas. FĂĄ-lo do ponto de vista da teologia cristĂŁ e de um modo de vida cristĂŁo. AssemblĂ©ia CEC na EstĂŽnia: Moldando o futuro com a bĂȘnção de Deus A ConferĂȘncia das Igrejas Europeias realizarĂĄ sua 16ÂȘ Assembleia Geral de 14 a 20 de junho de 2023 em Tallinn, EstĂŽnia. TĂ­tulo da Assembleia: “Sob a bĂȘnção de Deus – moldando o futuro”. A AssemblĂ©ia serĂĄ organizada pelas igrejas membros da CEC na EstĂŽnia, a Igreja EvangĂ©lica Luterana da EstĂŽnia e a Igreja Ortodoxa da EstĂŽnia. Para saber mais, clique aqui. ...

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Comunidades mais seguras e fortes na Europa.  As religiÔes trabalham juntas

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Imagens retiradas de www.sasce.eu/safety-security-guides/ Roma (NEV), 25 de outubro de 2022 – A coletiva de imprensa do projeto “Comunidades mais seguras e fortes na Europa - SASCE” terminou hĂĄ pouco. Realizado pela ConferĂȘncia das Igrejas Europeias (KEK) e financiado pelo Fundo de PolĂ­cia Interna da ComissĂŁo Europeia, o projeto visa aumentar a segurança dentro e fora dos locais de culto, bem como dentro e entre comunidades cristĂŁs, budistas, muçulmanas e judaicas comunidades na Europa. A conferĂȘncia de imprensa, organizada em conjunto com parceiros da UniĂŁo Europeia, apresentou o SASCE como “o Ășnico projeto transversal Ă s vĂĄrias comunidades de fĂ© que disponibiliza ferramentas e prĂĄticas para a segurança de espaços pĂșblicos e instituiçÔes religiosas cristĂŁs, muçulmanas, budistas e judaicas”. Ponto de partida da conferĂȘncia, os dados sobre o aumento do extremismo e dos crimes de Ăłdio na Europa. Estruturada como uma mesa redonda, a conferĂȘncia destacou os desafios de segurança e destacou a importĂąncia de continuar trabalhando juntos. Atualmente, 15 paĂ­ses europeus estĂŁo envolvidos no projeto: Áustria, BĂ©lgica, CroĂĄcia, EstĂŽnia, FinlĂąndia, França, GrĂ©cia, ItĂĄlia, Holanda, PolĂŽnia, Portugal, Espanha, SuĂ©cia e Hungria. Entre os temas que emergiram estava a percepção do medo, fenĂŽmeno crescente em vĂĄrios nĂ­veis sociais. Precisamos dar Ă s pessoas as ferramentas para reagir e enfrentar os riscos. Os relatĂłrios tambĂ©m revelaram a consciĂȘncia do aumento de sentimentos anticristĂŁos, antijudaicos, islamofĂłbicos e, um fenĂŽmeno relativamente novo, sentimentos antibudistas. E sĂŁo justamente os budistas que se perguntam como podemos ajudar a ensinar bondade, empatia, como ficar em paz. Compreender e saber o que acontece em outras comunidades Ă© uma das formas de aumentar a solidariedade inter-religiosa, segundo alguns. ConexĂŁo, envolvimento, colaboração sĂŁo outras palavras-chave expressas durante a conferĂȘncia. O projeto SASCE estĂĄ prestes a fechar. Qual serĂĄ o prĂłximo? Esta Ă© uma das perguntas que aguardam resposta. Esperamos outros projetos e financiamentos, dada a importĂąncia do tema. As comunidades tĂȘm pedido por isso, para o maior interesse da sociedade como um todo. De fato, proteger comunidades de fĂ© e prevenir riscos Ă© um desafio que envolve todos. Os extremismos estĂŁo crescendo, as transformaçÔes da sociedade sĂŁo cada vez mais bruscas e os ataques tĂȘm adquirido caracterĂ­sticas mais sutis. Eles podem acontecer em qualquer lugar, em lugares grandes ou pequenos, nas cidades ou em qualquer outro lugar. As ameaças mudam de natureza, tanto por razĂ”es geopolĂ­ticas quanto por razĂ”es contingentes, em nĂ­veis micro. Estamos falando do comportamento de pessoas solteiras, de segurança local, interna e externa, de segurança suave. 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AtravĂ©s do projeto SASCE, as religiĂ”es estĂŁo juntas: Ă© um grande sinal, dizem as organizaçÔes participantes: “Temos que entender e fazer as pessoas entenderem”. E precisamos fazer isso agora, porque o mundo mudou, as polarizaçÔes de cunho extremista, as narrativas polĂ­ticas e sociais se exacerbaram. As igrejas estĂŁo em risco, as pessoas tambĂ©m. NĂŁo se trata apenas de ameaças fĂ­sicas, mas tambĂ©m de ameaças verbais, situaçÔes que prejudicam a saĂșde mental ou emocional. NĂŁo esqueçamos que a violĂȘncia ou ameaças contra imĂŁs, rabinos, padres, pastores, voluntĂĄrios e voluntĂĄrias estĂŁo aumentando. E depois hĂĄ atos de vandalismo e roubos em locais religiosos e outras formas de Ăłdio e abuso. Em resumo, nĂŁo podemos deixar de tomar medidas imediatas contra todos os extremismos. A conferĂȘncia de imprensa contou com a presença de: Elizabeta Kitanović – SecretĂĄrio Executivo de Direitos Humanos do CEC. Ron Eichhorn – Presidente da UniĂŁo Budista Europeia. Aline Niddam – Chefe do escritĂłrio de segurança e crise do Congresso Judaico Europeu, pessoa de contato do SASCE. Ophir Revach – Diretor Executivo do Gabinete de Segurança e Crise do Congresso Judaico Europeu. Yohan Benizri – Ex-presidente da Federação Belga de OrganizaçÔes Judaicas, vice-presidente do Congresso Judaico Europeu e membro do executivo do Congresso Judaico Mundial. Fiyaz Mughal – Fundador da Faith Matters. Iman Atta – Fundador e diretor da Faith Matters. Para assistir a coletiva de imprensa, clique abaixo: [embed]https://www.youtube.com/watch?v=CQU9Ah88aeY[/embed] SASCE O SASCE Ă© um projeto dedicado Ă  proteção de locais de culto e comunidades na Europa, fruto de uma parceria inter-religiosa entre o KEK e outras realidades de fĂ©. Entre eles: Centro de Segurança e Crise do Congresso Judaico Europeu, Assuntos de FĂ© e UniĂŁo Budista Europeia. O projeto SASSE baseia-se nas melhores prĂĄticas recomendadas pela ComissĂŁo para a proteção dos espaços pĂșblicos da Europa, mas tambĂ©m no conhecimento e experiĂȘncia da comunidade e grupos de segurança. Entre as ferramentas implementadas para esses objetivos: treinamento, cooperação, soluçÔes tecnolĂłgicas. Esta parceria inter-religiosa recebeu uma doação de € 3 milhĂ”es da ComissĂŁo Europeia para a proteção de locais de culto na Europa. www.sasce.eu ...

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“A responsabilidade como exercício da liberdade”

“A responsabilidade como exercício da liberdade”

Roma (NEV), 29 de maio de 2020 – “Para atravessar o tempo atual, Ă© preciso pensar em termos de responsabilidade. As regras jurĂ­dicas intervĂȘm na ausĂȘncia ou ausĂȘncia de sentido de responsabilidade, mas quando limito uma das minhas liberdades por um bem maior, exerço uma escolha de responsabilidade e nessa escolha faço uma transição da limitação da liberdade para o exercĂ­cio da liberdade. A histĂłria do coronavĂ­rus deveria ter nos ensinado que hĂĄ muitos aspectos da vida individual que estĂŁo ligados a um interesse geral, coletivo, e que se morre de individualismo”. Como Gustavo Zagrebelskyex-presidente do Tribunal Constitucional, em entrevista a Paulo EmĂ­lio Landique serĂĄ transmitido no prĂłximo episĂłdio do Protestantesimo, transmitido no domingo, 31 de maio, por volta das 8 da manhĂŁ, no RAI2. "Direitos e saĂșde" serĂĄ o tema analisado pela coluna editada pela Federação das Igrejas EvangĂ©licas da ItĂĄlia (FCEI) que vai explorar as regras e protocolos que estĂŁo marcando a vida dos italianos durante a chamada Fase 2, e vai contar como tambĂ©m a realidade das Igrejas, de suas comunidades, da minoria evangĂ©lica na ItĂĄlia, se transformou depois da experiĂȘncia do coronavĂ­rus. “Que liberdades estamos dispostos a abrir mĂŁo em nome de valores maiores, como o direito Ă  saĂșde e ao bem comum?” pergunta o protestantismo. As respostas a esta questĂŁo serĂŁo construĂ­das atravĂ©s de um percurso que pĂ”e em jogo, para alĂ©m da entrevista a Zagrebelsky, a histĂłria da assinatura dos protocolos que as vĂĄrias comunidades religiosas nacionais assinaram com o governo, assinados para os evangĂ©licos pelo pastor Luca Maria Negro presidente da FCEI; uma reflexĂŁo dos lĂ­deres das igrejas evangĂ©licas italianas e europeias sobre o futuro da igreja e a histĂłria da reabertura da igreja valdense em Florença apĂłs o bloqueio. “Nossa Constituição prevĂȘ a possibilidade de limitar, por questĂ”es de segurança e saĂșde, o direito de circular e circular. Essas restriçÔes, que restringem a liberdade individual para o bem altruĂ­sta maior, devem ser razoĂĄveis, propositais e temporĂĄrias. O Parlamento terĂĄ de zelar por isso”, concluiu Zagrebelsky. No estĂșdio junto com o apresentador, CĂĄtia BarĂŁoo pastor da igreja valdense na Piazza Cavour em Roma, Marco Fornerone. ...

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Otimizado por Lucas Ferraz.