Roma (NEV), 21 de novembro de 2019 - Acolher os migrantes e combater a xenofobia todos os dias: um compromisso prioritĂĄrio para as igrejas, reunidas nos Ășltimos dias em Roma para a conferĂȘncia ecumĂȘnica anual promovida pelo EscritĂłrio Nacional para o Ecumenismo e o DiĂĄlogo Inter-religioso (UNEDI) da ConferĂȘncia Episcopal Italiana (CEI), juntamente com os representantes das Igrejas cristĂŁs na ItĂĄlia. Um compromisso que as vĂĄrias confissĂ”es unidas parecem querer assumir pessoalmente e cada vez mais.
Ontem, quarta-feira, 20, a sessĂŁo final da conferĂȘncia foi aberta com uma meditação do rabino Benedetto Carucci Viterbi, uma meditação que partiu da figura de AbraĂŁo como modelo da tradição judaica: âperante a relação com o outro necessitado, tambĂ©m a relação com Deus fica em segundo plano. AbraĂŁo mostra a urgĂȘncia de acolher quem Ă© diferente de nĂłs, ou que a hospitalidade prevalece sobre a imanĂȘncia de Deusâ. A experiĂȘncia migratĂłria, segundo o representante do mundo judaico, diz respeito a todos: âninguĂ©m estĂĄ a salvo da hipĂłtese da migração, somos todos migrantes potenciais, certamente nĂŁo sedentĂĄrios, de AdĂŁo em dianteâ.
Ao final da intervenção de Carucci Viterbi, alternaram-se alguns testemunhos de 'quem acolhe', depois dos acolhidos, ouvidos pelos participantes da assemblĂ©ia na tarde desta terça-feira, 19. Entre os 'acolhimento', apresentados pelo pĂĄroco Mirella Manocchiopresidente da Obra para as Igrejas EvangĂ©licas Metodistas na ItĂĄlia, IrmĂŁ Eleonora das MissionĂĄrias Servas do EspĂrito Santo, que anunciou a iminente acolhida, depois de outras experiĂȘncias deste tipo, por sua comunidade de uma famĂlia afegĂŁ do campo de refugiados de Lesbos. Stefano Specchiaoperadora do Mediterranean Hope, o programa de refugiados e migrantes da Federação das Igrejas EvangĂ©licas na ItĂĄlia, que trata da assistĂȘncia jurĂdica aos beneficiĂĄrios dos corredores humanitĂĄrios e seu acolhimento, explicou "o que significa ser um refugiado", convidando os presentes colocar-se no lugar de quem migra, pensando nesta condição como "o maior luto que jĂĄ experimentou na vida".
Terceiro e Ășltimo dia de trabalho da conferĂȘncia ecumĂȘnica sobre #migrantes E #religiĂ”esintervĂ©m agora @IlariaValenzi. @nev_it @Protestantismo @RadioBeckwith @Riforma_it pic.twitter.com/u4tWvClWWG
â Esperança do MediterrĂąneo (@Medohope_FCEI) 20 de novembro de 2019
E o acolhimento dos migrantes deve incluir também o respeito pelo pleno direito à liberdade e à expressão da própria fé. Um direito que não parece estar garantido sempre e em nenhum caso.
Para o advogado Ilaria Valenzi, assessor jurĂdico da FCEI, âo pluralismo religioso Ă© um direito de todos e os locais de culto nĂŁo sĂŁo apenas espaços fĂsicos, mas tambĂ©m simbĂłlicos. A Consulta tem repetidamente manifestado-se a favor da liberdade de culto no nosso paĂsâ, testemunhando o facto de haver, em todo o caso, um fosso entre os cultos âmaioriaisâ e as religiĂ”es que de alguma forma representam uma minoria. âAs religiĂ”es â concluiu Valenzi â pertencem ao conceito de igualdade e ao de justiça, conforme constam dos artigos 2Âș e 3Âș da Constituiçãoâ.
Monsenhor também Luca Bressanvigårio episcopal da diocese de Milão, se perguntou "por que precisamos de mais lugares de culto?", entendidos como "lugares de trùnsito e não de exclusão".
Portanto, a liberdade religiosa, garantida por lei, sancionada pelo Estado, mas nem sempre praticada igualmente por todos, Ă© a base de uma abordagem ecumĂȘnica para o entrelaçamento do fenĂŽmeno da migração e das crenças.
âToda cultura Ă© mestiça por sua natureza â declarou Monsenhor Ambrogio Spreafico, presidente da ComissĂŁo Episcopal para o ecumenismo e o diĂĄlogo inter-religioso da ConferĂȘncia Episcopal Italiana (CEI), nas conclusĂ”es da conferĂȘncia - . Deve-se lembrar que hĂĄ quase 70,8 milhĂ”es de pessoas em fuga, 10,8 milhĂ”es forçadas a fugir, mas dentro de seus prĂłprios paĂses, 37 mil novos deslocados todos os dias, e lembre-se que em 2018 um em cada 2 refugiados era menorâ. Neste contexto de profunda evolução do fenĂłmeno migratĂłrio a nĂvel global, o que âdizemâ as igrejas cristĂŁs? âEstamos aqui, como cristĂŁos â acrescentou o representante da CEI -. Porque o Ăłdio contra aqueles que consideramos diferentes pode se tornar morte, violĂȘncia, um inimigo a ser eliminadoâ. Para o prelado, que se referiu ao capĂtulo 16 do DeuteronĂŽmio e ao Livro dos JuĂzes, capĂtulo 12, da BĂblia, bem como ao livro do jornalista Carol Emcke 'Contra o Ăłdio', as igrejas devem "ir alĂ©m dos muitos eus para viver o nĂłs do qual as comunidades cristĂŁs sempre foram um sinal para o mundo e devem ser ainda mais".
O pastor Luca Maria Negropresidente da Federação das Igrejas Evangélicas na Itålia, anunciou a criação do Grupo de Trabalho das Igrejas Cristãs na Itålia (GLCCI).
âFoi uma conferĂȘncia cheia de estĂmulos, testemunhos, temas â explicou Negro â que marcou como o tema do acolhimento do outro Ă© central na BĂblia. A xenofobia leva Ă maldição e Ă morte. E os novos sodomitas sĂŁo, portanto, os xenĂłfobos, os racistas. A este Ăłdio, Ă xenofobia de Sodoma, deve-se opor a filoxenia, o amor ao estrangeiro, aquela hospitalidade que Ă© literalmente amor ao xenos, do qual fala o capĂtulo 13 da Carta aos Hebreus do Novo Testamentoâ.
âEste Ă© o quarto ano consecutivo de nossa convenção ecumĂȘnica â continuou o pĂĄroco -: foram promovidas 2 ediçÔes com a UNEDI, em Trento e em Assis, sobre a Reforma, enquanto em MilĂŁo o tema foi a custĂłdia criada. Em 2019 foi a vez dos migrantes: um caminho equilibrado na escolha dos temas e nos dois polos do ecumenismo, o testemunho comum, o serviço das igrejas no mundo de um lado e o diĂĄlogo teolĂłgico do outro. Uma harmonia que nos fez crescer em nossa comunhĂŁo ecumĂȘnica.
Estamos, portanto, prontos para dar um salto qualitativo em nosso caminho ecumĂȘnico: um grupo de trabalho das igrejas cristĂŁs na ItĂĄlia, um corpo informal por enquanto, o importante nĂŁo Ă© a estrutura, mas o fato de que finalmente tambĂ©m em nosso paĂs o ecumenismo nĂŁo Ă© mais esporĂĄdico, confinado ao gueto de ouro da semana de oração pela unidade dos cristĂŁos: um ecumenismo cotidianoâ.
Os trabalhos da nomeação ecumĂȘnica foram encerrados pelo vigĂĄrio geral das parĂłquias do Patriarcado de Moscou na ItĂĄlia, Hieromonk Ambrose Matsegoraaludindo a duas figuras retĂłricas: a alegoria da jornada Ă©pica do Ulisses de Homero, por um lado, e a metĂĄfora da Ășltima ceia, por outro.
âA pĂĄtria Ă© a essĂȘncia humana, a viagem Ă© a prĂłpria viagem. Ulisses explica como Ă s vezes basta mudar a perspectiva para poder ver a viagem como uma oportunidade. Ele Ă© um exemplo para os migrantes de hoje, ele se tornou o homem sobre o qual o destino nĂŁo tem mais poder, ele aprendeu a superar os limites de si mesmoâ.
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