A reunião dos conselhos nacionais das igrejas europeias em Roma

A reunião dos conselhos nacionais das igrejas europeias em Roma

Roma (NEV), 3 de maio de 2019 – A reuniĆ£o anual dos Conselhos Nacionais das Igrejas Europeias, as ferramentas ecumĆŖnicas por meio das quais as igrejas se comprometem em nĆ­vel nacional, acontecerĆ” em Roma de 6 a 9 de maio. Os Conselhos Nacionais Europeus de Igrejas sĆ£o organismos com uma composição variada, dependendo da extensĆ£o do diĆ”logo ecumĆ©nico alcanƧado nos respectivos paĆ­ses: na Alemanha e nos paĆ­ses escandinavos pertencem-lhes as trĆŖs principais famĆ­lias cristĆ£s – católica, protestante e ortodoxa; em outros paĆ­ses, como PolĆ“nia ou Irlanda, apenas protestantes e ortodoxos; em outros ainda, como a ItĆ”lia, apenas protestantes.

O encontro, convocado pela Conferência das Igrejas Europeias (KEK), serÔ este ano acolhido e organizado pela Federação das Igrejas Protestantes em ItÔlia (FCEI) seguindo as indicações que surgiram no encontro anterior em 2018, em Viena, e em uma reunião restrita que aconteceu em março passado em Roma.

Durante os quatro dias de trabalho, os 18 delegados, para além de trocarem informações sobre os vÔrios programas levados a cabo pelos conselhos nacionais, terão oportunidade de refletir em conjunto sobre algumas questões fundamentais para o futuro da Europa.

AlĆ©m dos encontros com o padre Hyacinthe Destivelle, chefe da seção oriental do PontifĆ­cio Conselho para a Promoção da Unidade dos CristĆ£os, com o pastor metodista Tim Macquiban, diretor do Escritório Metodista para o Ecumenismo em Roma, e a comunidade de Sant’Egidio , representantes da igreja participarĆ£o de seminĆ”rios e mesas redondas.

Debora Spini, professora de filosofia polĆ­tica na Universidade de Syracuse, em FlorenƧa, comeƧarĆ” em 6 de maio com um relatório intitulado “Populismo polĆ­tico: a experiĆŖncia italiana”; no mesmo dia haverĆ” uma mesa redonda com o pĆ”roco Luca Maria Negro, presidente da FCEI, e dom Giuliano Savina, diretor do escritório nacional de ecumenismo e diĆ”logo inter-religioso da ConferĆŖncia Episcopal Italiana (CEI).

No dia 7 de maio haverĆ” palestras sobre “ViolĆŖncia, inclusĆ£o, pobreza: uma perspectiva feminina” com a Pastora Gabriela Lio, presidente da Federação das Mulheres EvangĆ©licas da ItĆ”lia (FDEI), com a Dra. Angelita Tomaselli, presidente do Conselho EcumĆŖnico da Juventude na Europa e a Dra. Francesca Danese, do ExĆ©rcito de Salvação, ex-conselheira para polĆ­ticas sociais do MunicĆ­pio de Roma.

No dia 8 de maio, o tema do acolhimento e integração estarĆ” no centro da mesa redonda “Acolher o estrangeiro” com Paolo Naso, coordenador do Mediterranean Hope – programa de refugiados e migrantes da FCEI e Shari Brown, secretĆ”ria-geral da ComissĆ£o para migrantes na Europa.

ā€œO encontro de Roma pretende apresentar a realidade do pequeno componente protestante italiano que pertence Ć  FCEI, mas dentro do discurso ecumĆŖnico mais amplo que a capital pode oferecerā€, disse o pastor Luca Baratto, secretĆ”rio executivo da FCEI que organizou o programa de trabalho da reuniĆ£o e que acompanharĆ” os representantes das igrejas nacionais durante os quatro dias de trabalho.

A reunião anual dos Conselhos Nacionais das Igrejas da Europa acontecerÔ na Casa La Salle, Via Aurelia, 472.

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InsÓnia e memória

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Roma (NEV), 29 de dezembro de 2019 – Publicamos o texto do terceiro e Ćŗltimo sermĆ£o do ciclo natalino proferido pelo pĆ”roco Raffaele Volpe esta manhĆ£ durante o programa ā€œCulto evangĆ©licoā€ da Radiouno RAI. O pĆ”roco nos convida a refletir sobre a relação entre insĆ“nia e memória: uma insĆ“nia que pode ser cheia de sonhos ou pesadelos, dependendo do quanto conseguimos nos lembrar do nosso passado. Faltam apenas dois dias para o final deste ano. Espero que tenha sido um bom ano para vocĆŖ, mas se nĆ£o foi, espero que o próximo ano seja capaz de devolver o que vocĆŖ perdeu. Como bons crentes, pelo menos esperanƧosamente, confiamos na Palavra de Deus para nos preparar para a despedida do ano velho e o inĆ­cio de um novo ano. Oremos: Senhor para o ano que estĆ” por vir, te peƧo mais memória. Amplia a capacidade de memória nĆ£o só do nosso computador, mas tambĆ©m do nosso cĆ©rebro e dos nossos sentimentos. Capacita-nos a recordar sem rancor e a nĆ£o esquecer superficialmente. DĆ”-nos a paixĆ£o da memória. AmĆ©m. OuƧamos a leitura do texto bĆ­blico para a meditação de hoje: " Naquela noite, o rei, incapaz de dormir, ordenou que lhe trouxessem o livro de Memórias, as CrĆ“nicas; e foi lido na presenƧa do reiā€œ, (Ester 6:1). Ainda jovem, em 1934, o filósofo judeu Emmanuel Levinas escreve em uma revista cristĆ£ francesa um artigo intitulado ā€œAlgumas reflexƵes sobre a filosofia do hitlerismoā€œ. O filósofo diz: ā€œO sucesso de Hitler, diz o filósofo, reside na sua capacidade de despertar sentimentos bĆ”sicos bĆ”sicos: a voz do sangue, o apelo a um legado e um passado, o uso da forƧa. Mas Ć© por essas razƵes que o racismo nĆ£o se opƵe apenas a um ponto particular da cultura cristĆ£ ou liberal, a um tipo de democracia ou nĆ£o. Ela se opƵe Ć  própria humanidade do homemā€œ. O racismo se opƵe Ć  própria humanidade do homem! A insĆ“nia de um jovem filósofo de vinte e oito anos diante dos pesadelos que assombravam a Europa naqueles anos me lembrou a curta passagem bĆ­blica que acabamos de ouvir: um rei insone, Mordecai, manda que o livro de memórias seja trouxe para ele. A insĆ“nia de Levinas tambĆ©m traz Ć  mente um conto de Dino Buzzati ā€œNovos amigos estranhosā€. Aqui, o engenheiro Stefano Martella se encontra, após sua morte, em um lugar estranho onde nĆ£o hĆ” desejos, onde nĆ£o hĆ” medos, onde nĆ£o hĆ” pesadelos, atĆ© porque os sonhos nĆ£o se sonham naquele lugar. No entanto, só se vocĆŖ tiver coragem de sonhar, vocĆŖ pode ter pesadelos, e só se vocĆŖ tiver pesadelos vocĆŖ fica acordado Ć  noite se revirando na cama com o livro de memórias no travesseiro. Bem-vindos, entĆ£o, aos sonhos e bem-vindos Ć  insĆ“nia em nossa era de dorminhocos que nĆ£o sonham e esquecidos sem pesadelos. Bem-vindos os sonhos e bem-vindos Ć  insĆ“nia se corremos o risco de perder a memória. Se, novamente, se ouvem as vozes dos tocadores de pĆ­fano que adoram despertar sentimentos elementares demais. Se permanecermos indiferentes aos slogans de punho de ferro de que a substituição Ć©tnica estĆ” em andamento. Nasceu hĆ” cem anos Primo Levi. Preso por milĆ­cias fascistas em dezembro de 1943, foi levado para Auschwitz. Ainda me lembro das noites sem dormir que passava lendo seus livros. O horror e a gratidĆ£o que viviam em meu coração. E sua poesiaSe isso Ć© um homem", que como um disco que se encanta na mesma nota, sempre parava na minha memória no mesmo ponto: "Medite que isso foiā€œ. Ele me atacou como um medo que eu poderia esquecer. Eu temia que o que tinha acontecido pudesse nĆ£o apenas ser esquecido, mas tambĆ©m se repetir. Evgenia Ginzburg Levi em Auschwitz recita os versos de dante da Divina ComĆ©dia, Evgenia Solomonovna Ginzburg recita no trem que a leva para a SibĆ©ria os versos de Pasternak. NĆ£o Ć© um simples jogo intelectual. Ɖ elevação espiritual. Ɖ manter a memória como resistĆŖncia desperta, mesmo na insĆ“nia produzida pelos pesadelos do racismo e do totalitarismo. Ɖ uma transgressĆ£o de uma cultura que quer permanecer humana. Para Levi e para Ginzburg, a paixĆ£o pela memória era absolutamente necessĆ”ria. Para nós, cristĆ£os, as palavras paixĆ£o e memória estĆ£o no centro da nossa fĆ©. A mensagem da fĆ© cristĆ£ baseia-se na memória da paixĆ£o de Cristo. Uma memória como modĆ©stia diante de tanta violĆŖncia banal contra o corpo de Cristo, primeiro preso, depois detido ilegalmente, depois torturado e depois morto. Uma modĆ©stia que nĆ£o se transforma em esquecimento, mas, ao contrĆ”rio, em memória, memória daquela paixĆ£o porque hĆ” salvação precisamente em nĆ£o esquecer. HĆ” salvação em reconhecer Cristo como inocente e confessar o pesadelo da cruz. HĆ” salvação em confessar que Cristo deu a sua morte como Ćŗltimo brado de Deus ao mundo inteiro: "Medite que isso foiā€œ. Em Cristo, Deus ordena que a dor de toda criatura viva receba atenção humana. Aqui recompƵe-se um quadro de palavras ainda desconexas entre si, recompƵe-se a partir da palavra dor. Da sensibilidade Ć  dor que Deus implora na cruz. Sensibilidade Ć  dor que Ć© tambĆ©m um lembrete radical da responsabilidade humana, da sua culpa (palavra que desapareceu do vocabulĆ”rio de hoje). E esse novo amontoado de palavras – dor, responsabilidade, culpa – lanƧa luz sobre as outras – memória, sonhos, pesadelos, racismo. Ɖ precisamente da memória da paixĆ£o que pode nascer uma paixĆ£o da memória como responsabilidade humana que nos deve manter acordados neste tempo racista. O que deve nos dar forƧas para voltar a sonhar, mas tambĆ©m para acordar abruptamente sem tentar adoƧar o pesadelo de nossa culpa. Ɖ necessĆ”rio que a voz de nossas igrejas seja ouvida claramente ao contar a história de um Cristo inocente crucificado. FaƧa isso agora, logo após a celebração do Natal. Pouco antes do Ano Novo. FaƧa isso agora, nĆ£o espere a sexta-feira antes da PĆ”scoa para lembrar a cruz, quando com pressa mal podemos esperar para fechar o caso com uma ressurreição tranquilizadora. AmĆ©m. Oremos: Senhor, nós italianos somos facilmente esquecidos. DĆ”-nos, pois, a paixĆ£o da memória, tu que jĆ” nos deste, em Cristo, a memória da paixĆ£o. Aquela paixĆ£o de Cristo que nĆ£o foi apenas uma história de sofrimento, uma história de cruz, mas tambĆ©m uma história de resistĆŖncia, de coragem, de amor, de doação. FaƧa de nós a paixĆ£o da memória para o novo ano que estĆ” por vir. AmĆ©m. ...

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