#SPUC 2020. Variações da filantropia

#SPUC 2020. Variações da filantropia

O encontro na Golden Gate de Giotto (c. 1303-1305), afresco na Capela Scrovegni em Pádua, escolhido para acompanhar o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2020 “Eles nos trataram com bondade”. Imagem wikipedia

Roma (NEV), 18 de janeiro de 2020 – Trataram-nos com bondade: este é o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SPUC), que acontece, como acontece todos os anos há mais de meio século, de 18 a 25 Janeiro, promovido mundialmente pelo Conselho Mundial das Igrejas (CEC) e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Eles nos trataram com gentileza (talvez seja melhor traduzir: “com humanidade”). É uma citação do livro dos Atos dos Apóstolos no capítulo 28.2, quando o apóstolo Paulo escapa de uma terrível tempestade e naufraga na ilha de Malta, junto com alguns de seus companheiros, os soldados que o levaram prisioneiro para Roma e para marinheiros. Quem é que trata Paolo e os outros náufragos com bondade (ou humanidade, se preferir)? São os habitantes de Malta, que acolhem, refrescam e aquecem os náufragos frios e húmidos. E por que escolher tal texto para a Semana da Unidade? A resposta das igrejas cristãs de Malta, que prepararam os materiais para a Semana, é que este texto é mais atual do que nunca. “Em várias partes do mundo – lê-se na introdução – muitas pessoas enfrentam jornadas igualmente perigosas, por terra e por mar, para escapar de desastres naturais, guerras e pobreza. Também a sua vida está à mercê de forças imensas e altamente indiferentes, não só naturais, mas também políticas, económicas e humanas. A indiferença humana assume muitas formas: a indiferença de quem vende lugares em barcos inseguros a pessoas desesperadas; a indiferença das pessoas que decidem não enviar botes salva-vidas; a indiferença de quem rejeita os barcos dos migrantes. Esta história interpela-nos como cristãos que enfrentam juntos a crise migratória: somos coniventes com as forças indiferentes ou acolhemos com a humanidade, tornando-nos assim testemunhas da amorosa providência de Deus para com cada pessoa?».

A narração dos Atos dos Apóstolos desenvolve boa parte do linguagem de boas vindas que encontramos no Novo Testamento. Existem três verbos acolhedores: acolher, receber, hospedar. Os malteses são definidos como “bárbaros” (porque não pertencem ao mundo da cultura grega), mas são bárbaros hospitaleiros que literalmente acolhem os náufragos com uma “filantropia fora do comum”. Ainda em Malta, o notável Públio “amigo” acolhe Paulo e seus seguidores (28,7): a palavra grega é filofronosoutro termo que, como filantropiaé composto com filia, amizade. Com efeito, no Novo Testamento, o vocabulário do acolhimento está intimamente ligado ao conceito de filiaamizade: se é filantropiaisto é, de amizade e humanidade para com todos os seres humanos, ou do Filadélfiao amor entre irmãos, ou mesmo dos filoxenia, amizade para o estrangeiro, são apenas variações do mesmo conceito. E contrastar essas diferentes formas de amizade/amor (por exemplo, afirmar que o amor pelos nossos conterrâneos vem em primeiro lugar) não faz sentido: certamente não do ponto de vista da mensagem cristã.

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