Foto de Marcelo Schneider
Karlsruhe (NEV), 1Āŗ de setembro de 2022 ā Uma espĆ©cie de FĆ³rum Social Mundial*, das igrejas, mas nĆ£o sĆ³. Esta pode ser a primeira impressĆ£o, para iniciantes, Ƨa va sans dire, andando esses dias em Karlsruhe, Alemanha, a meio caminho entre Estrasburgo e Stuttgart. Milhares de pessoas de todo o mundo, crentes e leigos, reuniram-se na 11ĀŖ Assembleia Geral do Conselho Mundial de Igrejas. Uma vitrine para ONGs, associaƧƵes, sociedade civil e realidades engajadas em vĆ”rias capacidades de justiƧa social, direitos das pessoas, meio ambiente... Mas tambĆ©m um caldeirĆ£o de personalidades e pessoas, nacionalidades e povos, papĆ©is e lĆnguas faladas. Aqui estĆ” uma primeira ā e obviamente muito parcial ā visĆ£o geral.
Karlsruhe, cidade da lei (e descansoā¦)
āKarlsruhe ā ele explica Dorothee Mack, um pastor protestante que depois de anos de serviƧo pastoral na Igreja Valdense e Metodista de MilĆ£o mudou-se para a cidade de Baden-WĆ¼rttemberg - literalmente significa "descanso de Charles". Porque foi fundada apĆ³s o descanso de um marquĆŖs, Carlo Guglielmo, que depois de um passeio a cavalo nesta zona, sonhou com um castelo. Desse sonho surgiu o desejo de ter um castelo como o de LuĆs XIV em Versalhes: assim nasceu Karlsruhe, em 1715. Primeiro com a construĆ§Ć£o do castelo na sua forma atual e depois com todas as estradas que partem daqui, em forma de leque ". Hoje a cidade Ć© reconhecida como a capital do direito, como sede do Tribunal Constitucional alemĆ£o.
Pela paz entre as duas Coreias
Cem milhƵes de assinaturas pela reconciliaĆ§Ć£o e paz entre as duas Coreias. O Conselho Nacional de Igrejas da CorĆ©ia ( tambĆ©m estĆ” presente com um estande de informaƧƵes e alguns voluntĆ”rios que promovem uma petiĆ§Ć£o e uma coleta de assinaturas para uma soluĆ§Ć£o e uma evoluĆ§Ć£o pacĆfica das relaƧƵes entre Pyongyang e Seul. De fato, no prĆ³ximo ano marcarĆ” o septuagĆ©simo aniversĆ”rio do armistĆcio de paz que pĆ“s fim Ć guerra da Coreia de 27 de julho de 1953. O objetivo, como mencionado, Ć© recolher cem milhƵes de assinaturas "contra a guerra" entre as duas Coreias atĆ© 2023, "para uma transiĆ§Ć£o da para a paz" e a criaĆ§Ć£o de uma penĆnsula coreana e de um mundo "livre de armas nucleares". A campanha tem como tĆtulo Fim da guerra da CorĆ©iapara mais informaƧƵes: en.endthekoreanwar.net.
Por uma Ćndia sem castas (e pela interseccionalidade das lutas)
O pastor Chandran Paul Martin vem da Ćndia e trabalha para a Igreja EvangĆ©lica Luterana na AmĆ©rica. O estande onde o encontramos se chama ācasta expulsaā (jogo de palavras que significa āexpulsar a castaā mas tambĆ©m āmarginalizadoā, ed). Ele se refere a um sistema, o de castas na Ćndia, ātotalmente opressor, social, econĆ“mico, mais antigo que todas as religiƵes. As castas dividem as pessoas em categorias e hierarquias e nĆ³s ā os pĆ”rias ā nĆ£o pertencemos a nenhuma delas. Lutamos por justiƧa atĆ© dentro das igrejas porque nĆ£o podemos seguir a Cristo e praticar castas; vocĆŖ nĆ£o pode ser cristĆ£o e apoiar o racismo. NĆ£o podemos apoiar o patriarcado, nĆ£o podemos apoiar nenhuma forma de sexismo. O corpo de Cristo Ć© um corpo que fala de inclusĆ£o. Pedimos ao CMI e a todo o movimento ecumĆŖnico que olhem para a interseccionalidade da justiƧaā. Eles pedem um compromisso mais forte das igrejas, contra todas as formas de racismo. E ao Conselho Mundial de Igrejas, em particular, para "incluir o problema das castas" em seu programa e agenda, com referĆŖncia e citaĆ§Ć£o em declaraĆ§Ć£o pĆŗblica entre as emitidas pelo CMI.
Para mulheres afrodescendentes em todo o mundo
a pastora Barbarann āāāāBrelnd Paween dos Estados Unidos Ć© representante da rede ecumĆŖnica de empoderamento Pan-Africano das Mulheres de FĆ©, que promove o workshop intitulado "JustiƧa, paz, amor & Ubuntu". Sobre o que Ć© isso? āTrabalhamos para a organizaĆ§Ć£o e ofortalecimento de mulheres afrodescendentes e africanas em todo o mundo. Queremos educar todas as mulheres e nossos filhos, e nossas comunidades, de todos os continentes. Queremos mudar a narrativa sobre o papel da mulher afrodescendente na sociedade e na histĆ³ria."
O seminƔrio realiza-se no dia 6 de setembro a partir das 17 e pode inscrever-se em
Ainda sobre questƵes de gĆŖnero, inĆŗmeras atividades foram dedicadas ao #ThursdaysInBlack, a campanha global por um mundo sem estupro e violĆŖncia.
E ainda, sobre mulheres e feminismos, um banquete entre os presentes no Brunnen (espaƧos onde decorrem atividades culturais, espetĆ”culos e espectĆ”culos), pertence Ć AssociaĆ§Ć£o Internacional de Mulheres Pastoras, que āpromove, encoraja e celebra a mulher no ministĆ©rio cristĆ£oā, ou seja, a ordenaĆ§Ć£o de mulheres.
Da Espanha
a pastora Marta LĆ³pez Ballalta Ć© delegada da Igreja EvangĆ©lica Espanhola. Para Ballalta, a Assembleia do CMI "Ć© um espaƧo que abre os olhos para as situaƧƵes em muitas partes do mundo, para a complexidade e amplitude do que acontece longe de nĆ³s, uma oportunidade para conhecer diferentes formas de pensar, mesmo aquelas que nĆ£o estĆ£o em harmonia com as nossas, mas que conduzem a um diĆ”logo muito interessante. Espero que seja uma oportunidade de abrir portas e contactos, de poder partilhar diferentes realidadesā.
Quanto aos desafios das igrejas na Espanha, āa laicidade: defendemos uma sociedade laica na qual a igreja Ć© uma opĆ§Ć£o. Mas hĆ” um laicismo incompreendido pela sociedade, que tende a esconder a religiĆ£o, o fato de haver um comprometimento da fĆ© em muitos Ć¢mbitos. Sobre as migraƧƵes, sejam elas climĆ”ticas ou causadas por guerras, devemos ser como igrejas capazes de nos comprometermos com todos ā para todos. O mundo Ć© complexo, existem muitas religiƵes e crenƧas, devemos saber nos comprometer com essa complexidade, respeitando as peculiaridades de cada umā.
Em relaĆ§Ć£o aos direitos LGBTQI+, āsĆ£o desafios importantes para nossas comunidades e igrejas. Pelo menos na Espanha Ć© uma questĆ£o crucial, mas sobre a qual as igrejas ainda nĆ£o fizeram o suficienteā.
Grupos de trabalho ecumĆŖnicos
TambĆ©m se iniciaram os trabalhos de vĆ”rios grupos temĆ”ticos, dos quais participam tambĆ©m membros da delegaĆ§Ć£o italiana presente em Karlsruhe. āHoje apresentei o resultado do grupo de trabalho conjunto entre a Igreja CatĆ³lica e o Conselho EcumĆŖnico de Igrejas ā explica o pĆ”roco valdense Michael Charbonnier ā , um grupo de cerca de vinte pessoas que, entre uma assembleia e outra, prosseguem uma reflexĆ£o comum entre estas duas entidades. Ć um grupo de trabalho consultivo, portanto nĆ£o decisĆ³rio, mas que orienta o trabalho e a discussĆ£o sobre temas considerados de importĆ¢ncia comum, produzindo documentos para estes dois Ć³rgĆ£os, que os auxiliam no seu posterior compromisso. Por exemplo, nos Ćŗltimos sete anos, o grupo trabalhou em dois importantes documentos teolĆ³gicos, um sobre a construĆ§Ć£o da paz, outro sobre o tema das migraƧƵes e o acolhimento dos migrantes nas igrejas. Ambos provaram ser extremamente atuaisā.
Vozes da fronteira: a esperanƧa do MediterrĆ¢neo, as laranjas de Rosarno
Ć tarde, entre as numerosas atividades Ć margem da assemblĆ©ia, realizou-se um seminĆ”rio sobre a experiĆŖncia do Mediterranean Hope (MH), o programa para migrantes e refugiados da FederaĆ§Ć£o das Igrejas EvangĆ©licas da ItĆ”lia e, em particular, sobre as atividades no Piana di Gioia Tauro. O coordenador do projeto participou da oficina para MS, marta bernardini, Fiona Kendall e a operadora em Rosarno Ibrahim Diabate. No centro do encontro esteve a venda de laranjas da cadeia de abastecimento "Etika", promovida pelo MS em conjunto com a Sos Rosarno, com os testemunhos da Igreja da EscĆ³cia e da Igreja da VestfĆ”lia, que organizaram uma rede de distribuiĆ§Ć£o de produtos cĆtricos que respeitem os direitos dos trabalhadores e dos trabalhadores ambientais.
*ed. para os mais jovens, os FĆ³runs Sociais Mundiais sĆ£o reuniƵes anuais nascidas do movimento antiglobalizaĆ§Ć£o (o chamado āno globalā); a primeira aconteceu em Porto Alegre, em 2001.
As duas guias a seguir alteram o conteĆŗdo abaixo.
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