Antes do SĆnodo, foi realizada a consulta ecumĆŖnica organizada pelo Departamento EcumĆŖnico da EKvW. Entre seus convidados, a pastora Rita Famos, presidente da Igreja EvangĆ©lica Reformada na SuĆƧa e membro do Conselho da ComunhĆ£o das Igrejas Protestantes na Europa (CPCE), ZoltĆ”n Balog, bispo da Igreja Reformada na Hungria, abaixo assinado como coordenador da Mediterranean Hope , o programa para refugiados e migrantes da FederaĆ§Ć£o das Igrejas Protestantes da ItĆ”lia, e Christoph Picker, diretor da Academia EvangĆ©lica da RenĆ¢nia-Palatinado.
A conferĆŖncia intitulada āComo funciona a paz? Perspectivas da Igreja sobre a democracia e a paz na Europaā abriu com algumas reflexƵes de Picker que deram impulso aos trabalhos do dia. As igrejas protestantes podem ajudar a fortalecer as democracias europeias, continuando a promover uma cultura de paz e tolerĆ¢ncia, garantindo a pluralidade, a atenĆ§Ć£o Ć s diferenƧas e Ć s minorias. QuestƵes crĆticas tambĆ©m foram expressas, como o risco de certas reflexƵes permanecerem nas academias, em um nĆvel ideal, sem encontrar a prĆ”tica e ativar uma participaĆ§Ć£o mais ampla no processo democrĆ”tico que deveria envolver membros da igreja e da polĆtica.
Nos dias seguintes, durante o SĆnodo, parece-me que tambĆ©m emergiram outros temas que se tornaram centrais no debate: a guerra na UcrĆ¢nia e a busca de uma "paz justa"; mudanƧa climĆ”tica e a tentativa de se tornarem igrejas de āimpacto zeroā; o envolvimento com os migrantes em termos de acolhimento, proteĆ§Ć£o de direitos e preocupaĆ§Ć£o com a tendĆŖncia para polĆticas nacionais e europeias de encerramento, expulsĆ£o e criminalizaĆ§Ć£o; a "saĆŗde" das igrejas com relaĆ§Ć£o a graves declĆnios no nĆŗmero de membros, frequĆŖncia e finanƧas; relaƧƵes ecumĆŖnicas com outras comunidades de fĆ© e compromisso com a missĆ£o dentro e fora da igreja.
Independentemente de sermos igrejas majoritĆ”rias ou minoritĆ”rias, fazemos as mesmas perguntas que os crentes evangĆ©licos e os evangĆ©licos? Temos consciĆŖncia do impacto que temos na sociedade e na polĆtica e, sobretudo, dos instrumentos de que dispomos?
Ao visitar alguns prĆ©dios histĆ³ricos das igrejas da regiĆ£o da VestfĆ”lia, sua beleza sĆ³bria e orgulhosa me impressiona e percebo o pesar daqueles que me acompanham e me falam das dificuldades em mantĆŖ-los, em manter as comunidades unidas, em continuar o precioso trabalho de testemunho evangĆ©lico na cidade.
As palavras da presidente da EKvW (e da EKD) Annette Kurschus no primeiro dia de trabalho do SĆnodo me impressionam: āNĆ£o devemos lidar apenas com os problemas internos da igreja, mas tambĆ©m com os importantes em nossa sociedade . Devemos manter a terra aberta para o cĆ©u e vice-versa: levar a mensagem do reino celestial de Deus de forma tangĆvel Ć terraā.
Por isso Ć© tĆ£o importante que a Igreja ainda se faƧa ouvir sobre questƵes que dizem respeito a todos, como as abordadas pelo SĆnodo da EKvW.
TambĆ©m sinto que nĆ£o falta uma atenĆ§Ć£o particular aos que fugiram ou ainda fogem das guerras e perseguiƧƵes, seja da UcrĆ¢nia ou do outro lado do MediterrĆ¢neo. Da ItĆ”lia aproximo um pouco mais o MediterrĆ¢neo da Alemanha, contando o que estĆ” acontecendo nas ānossasā fronteiras e o empenho das Igrejas. Mas a sensaĆ§Ć£o Ć© que jĆ” estĆ” perto: estĆ” presente nas palavras para lembrar os que perdem a vida na travessia marĆtima, no reconhecimento da importĆ¢ncia de nĆ£o esquecer nomes, de nĆ£o baixar a atenĆ§Ć£o aos direitos, de trabalhar incansavelmente junto Ć s instituiƧƵes e sociedade civil para garantir prĆ”ticas de acolhimento e solidariedade, acompanhamento em percursos educativos, proteĆ§Ć£o no mercado de trabalho.
Trago a voz de uma igreja pequena, mas que sempre soube que isso nĆ£o significa ser uma igreja sozinha ou sem possibilidade de fazer a sua parte. E Ć© certamente tambĆ©m nas alianƧas ecumĆŖnicas e nas relaƧƵes com as igrejas em nĆvel internacional que esse potencial se concretiza. Desafios difĆceis, em tempos difĆceis mas se os partilharmos, talvez possamos continuar a estar onde mais se necessita - aqui e agora - cuidando da terra para que se abra ao cĆ©u.
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